O povo chileno pareceu-me de certa forma orgulhoso de sua nação. Há muitas bandeiras do Chile por todos os lugares. Apesar de o Chile ser um país bastante diverso de norte a sul, tive essa a impressão (posso estar enganado) de haver uma identidade nacional fortalecida ali, especialmente devido às guerras com os países vizinhos como ocorreu com a guerra do pacífico.
Os chilenos não olham tanto para as pessoas na rua (ou fingem não se preocupar em olhar) como os brasileiros. Eles agem muito naturalmente com os estrangeiros (especialmente os europeus) e não os idolatram a todo custo como no Brasil.
O país é organizado, as cidades são desenvolvidas e parecem potenciais prósperos para o futuro. É evidente também a desigualdade econômica no Chile. Achei o país, de maneira geral, caro. Há, no entanto, alguns produtos mais baratos do que no Brasil. Para compras, por exemplo, tênis lá é muito barato. Eu me arrependi profundamente de ter comprado um tênis no Brasil e não lá antes de viajar. Encontrei um modelo semelhante ao meu pela metade do preço. Um amigo comprou um tênis que aqui no Brasil também custaria o dobro do que ele pagou. Iogurte (NESTLÊ) custa 40 centavos a unidade.
Nesses dezoito dias perambulando pelo Chile de norte a sul, percebi que é comum as pessoas enterrarem os seus familiares aleatoriamente nas ruas. As estradas e costa chilena parecem grandes cemitérios. Até mesmo as cidades têm essa caraterística. Em Antofagasta, era comum as pessoas enterrarem nas calçadas, próximas à praia, seus familiares, que provavelmente morreram lá. E eles não colocam apenas cruzes, colocam fotos (eu vi um pequeno outdoor com a imagem de uma garota, com asas e algumas frases, era uma homenagem) dos entes falecidos. Talvez os chilenos lidem de uma maneira diferente da nossa com a morte e com a memória. É interessante também perceber que nessas covas em plena calçada/estrada/rua há sempre uma bandeira do Chile, sempre. Eu não consigo imaginar jamais isso no Brasil devido a nossa maneira de lidar com a memória, a necessidade do esquecimento: “o que passou passou”, “pare de ressuscitar defunto”, “esquece isso”, “quem vive de passado é museu” …
No Brasil pode fazer sentido comermos batata, macarrão e carne.Ou ainda, purê de batata, macarrão/arroz e carne. Muitos estrangeiros, no entanto, não concebem em uma mesma refeição batata e macarrão, pois pertencem à mesma categoria de alimentos, ambos são carboidratos. Eu já havia percebido isso em outros países, relembrei-me dessa fato no Chile, achei interessante comentar.
A paisagem no sul do chile é completamente diferente do centro e do norte. As montanhas ao sul são repletas de árvores. Há muitas casas de madeiras. Ainda no verão, as cidades são frias. E quanto mais ao sul, mais fria é a cidade. Estive em Puerto Montt, em Punta Arenas e Puerto Natales. Puerto Montt é uma cidade cara. É um pouco fria em relação à Santiago, mas o frio de lá é suportável em relação ao de Puerto Natales e é mais forte do que o do deserto de Atacama.
Puerto Montt não me pareceu uma cidade interessante. Não há muito o que fazer por lá, mas é inevitável passar por lá para ir à Punta Arenas. Punta Arenas é uma cidade muito bonita, interessante e barata. A cidade possui umas árvores lindas, diferentes de todas que já vi. Parece brincadeira, mas o cemitério da cidade é um ponto turístico, arquitetura lindíssima, repleto dessas árvores que mencionei.
Há muitas atrações nessa cidade, recomendo o tour pela Isla Magdalena, uma pequena ilha habitada por centenas de pinguins. E há tantos pinguins na ilha, que os estrangeiros que chegam lá por barco é quem ficam intimidados. A circulação na ilha, no entanto, é limitada em função da preservação do local e dos animais.
Putero Natales é uma cidade interessante também, embora seja bastante pequena. A cidade é abrigo daqueles que querem conhecer as Torres del Paine. Fiz o tour de um dia no parque Torres del Paine. Os chilenos fazem propaganda de que o parque é a oitava maravilha do mundo, não sei o valor dessa afirmação. Talvez eu esteja sendo bastante criterioso para dizer isso, mas o que valida o meu discurso é o fato de eu ter conhecido muitas cidades no Chile e vários outros continentes.