Sobreviver ao mestrado

Sobrevivi ao mestrado

Para mim, o mestrado foi um processo de grande crescimento, mas, ao mesmo tempo, foi um processo muito doloroso. E o mais difícil não foi, de fato, ser aprovado no exame, mas sobreviver ao processo em si, conciliar estudo e trabalho, ir a conferências, congressos, publicar artigos, cursar disciplinas…

Tive muita dificuldade para encontrar um orientador que tivesse interesse no meu tema e recorte. Depois de entrar em contato com todos os professores do departamento, alguns nem responderam, encontrei uma pesquisadora maravilhosa: Cibele Brandão. Fui muito bem acolhido por ela, que teve toda a paciência para me guiar, transmitir o que ela sabia e ajudar-me a superar as minhas dificuldades.

Durante o mestrado, conheci uma moça do Programa de Pós-Graduação da UnB que foi para a defesa sem orientador(a), pois nenhum professor teve interesse em seu trabalho sobre rap. Isso é um grande problema, pois os pesquisadores, inclusive, por uma orientação da própria Capes, interessam-se somente pelas suas respectivas áreas.

Conciliar estudo, trabalho e pesquisa foi um grande desafio. Eu já estava acostumado a trabalhar e estudar, mas o mestrado exigiu muito mais do que eu estava acostumado. Tive de estudar durante madrugadas, finais de semana, tive de aproveitar todas as minhas possíveis faltas para estudar e agilizar a minha vida.

Um outro grande desafio foi encontrar colaboradores para a minha pesquisa. Cheguei a marcar, em quatro dias, grupos focais, mas sempre alguém “furou” e não compareceu. Essa etapa foi muito desgastante.

Além disso, demorei quase oito meses para conseguir aprovação do Comitê de Ética, pois a instituição a qual pesquisei “me enrolou” bastante para assinar o meu Aceite Institucional e, sem a assinatura desse documento, não poderia continuar com a minha pesquisa e gerar os meus dados.

Um ano depois do mestrado, entrei em crise, e eu estava tão sobrecarregado que decidi, duas vezes, abandonar o mestrado. Cheguei a estourar o limite de faltas em duas disciplinas, o que já teria sido o “passaporte” para a minha reprovação. Por sorte, tomei consciência depois e consegui conversar com os professores.

O mestrado é um processo de grandes mudanças em nossas vidas, e, às vezes, nós estamos resistentes a essas mudanças. Muitos desistem no meio do caminho por acreditarem que não vale a pena tanto esforço, pela falta de valorização ou por outro motivo, mas, confesso, o dia que me tornei mestre, foi um dos momentos mais gratificantes da minha vida.

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