Está aí um país que eu nunca pensei em visitar: África do Sul. Eu não sabia muito sobre o país antes de conhecê-lo. Na verdade, as minhas viagens são sempre aleatórias. Eu escolho os destinos mais exóticos para visitar.
O meu destino nesse país foi Capetown, ou Cidade do Cabo. Felizmente ou infelizmente eu não tive muita oportunidade de conhecer muito bem o país, pois o meu intuito nessa viagem foi melhorar o meu inglês em um programa de estágio. Eu passei alguns meses estagiando em uma ONG chamada SCAT (Social Change Assistance Trust), na área administrativa. Essa experiência foi muito enriquecedora, eu participei de vários projetos sociais da ONG, viajei para várias cidades, conhecendo as realidades locais do país.
Um dos grandes espetáculos de Capetown é a Table Mountain, o que traz para a cidade um ar misterioso e fotografias extraordiárias conforme muda-se a perspectiva de nossas posições com o fundo da montanha. Mas a cidade não é apenas beleza e riqueza…
A África do sul é um país com muitos contrastes sociais. Há ainda muita pobreza no país. Sobre o apartheid, acredito que algumas coisas mudaram. Por exemplo, as propagandas que eu vi e os programas de TV eram muito mais representativos daqueles que compõem a sua grande maioria étnica: negros. Diferente do Brasil, onde o plano de fundo dos outdoors e das telinhas da GLOBO e os protagonistas “bons” e “ricos” são “brancos” (minoria da população brasileira) ou onde o embranquecimento da população e a alienação a padrões que não nos representam tornam-nos brasileiros sem identidade nacional, desesperados por estereótipos algures; local onde o mal estar em ser “o que não somos” é construído por toda a nação e pelo governo (alienados em um cursos de medicina, direito ou qualquer outro que nos façam DOUTORES para apagar um histórico de pobreza familiar, subdesenvolvimento ou a nossa própria cor – o embranquecimento em si) e o que nos resta é a fuga a lugares algures, a não ser o Brasil, especialmente pelo preço do turismo interno, muitas vezes mais caro do que o internacional. (Eu me empolguei – risos).
Somos nerd, mas estamos curtindo na África do Sul rsrs:
Momento alienação ao consumo:
Made in Germany
Collin dando um tchauzinho pra gente (estávamos viajando, a trabalho, pela ONG):Galera da casa de estudantes (ficar hospedado nessa casa foi um verdadeiro roubo). Na verdade, a África do Sul um país caro, comida cara, moradia cara.
Vinho o/:
Alunos da Good Hopes Studies.
Participei, aos finais de semana, de um programa com crianças carentes. O projeto ocorria em uma escola pública de uma comunidade de Capetown. As crianças iam, aos finais de semana, para a escola onde tinham aula durante a semana (escola pública) e participavam de diversas atividades que incluíam aulas, jogos e brincadeiras. Fui voluntário com um grupo de estrangeiros nesse projeto. Nós contávamos histórias para as crianças em inglês, além disso, em um determinado momento do dia, havia um professora em cada uma das salas da escola para contar histórias às crianças em suas línguas nativas. Como a África do Sul é um país que possui várias línguas oficiais, as crianças, mesmo em escolas públicas, eram alfabetizadas em suas línguas nativas e posteriormente eram ensinadas a falar a língua franca: o inglês. Pode parecer boba a ideia do projeto, mas para essas crianças, o projeto era de extrema importância, uma vez que muitas delas possuíam apenas uma mãe como membro da família, algumas precisavam trabalhar ou eram alcóolatras, não podiam lhes dar a atenção necessária ou contratar uma babá para lhes orientar. A escola, nesse momento, funcionava como um refúgio acolhedor a essas crianças, que poderiam estar em casa sendo maltratadas ou sendo dopatas com álcool pelas suas famílias que precisavam se ausentar.
Trabalhe em uma ONG com nativos. Eles falavam inglês, mas era perceptível que eles não possuíam muita intimidade com esse idioma. Quando eles falavam entre si e especialmente quando estavam mais a vontade, conversavam em suas línguas maternas. Percebi que a ONG em que eu trabalhei enfrentava alguns problemas em relação à execução de alguns projetos pelos povos das comunidades. Segundo as pessoas que trabalharam comigo, os moradores de comunidades pobres, que eram selecionadas para atuar em parceria com a SCAT, às vezes, preenchiam indevidamente os formulários de feedback dos projetos sociais da ONG, omitiam informações, às vezes não compreendiam os questionários (analfabetismo funcional). Não era interessante para a ONG manter nesses projetos pessoas de outros locais ou diretamente da própria ONG, uma vez que havia a necessidade de empregar as pessoas da comunidade. Além disso, essas pessoas, apesar das dificuldades, “conheciam” os reais problemas de sua comunidade, o que “poderia” ser um mecanismo para “atingir” melhor as comunidades e facilitar a comunicação com aqueles que não falam inglês.
Costa de Capetown:
Atravessei toda a cidade do cabo, durante um hora e alguns minutos, para chegar neste parque/praia rodeada de pinguis. Adoro pinguis, foi a primeira vez que os vi. Eles são muito engraçadinhos e desengonçados.