Intercâmbio

Fiz o meu primeiro intercâmbio (cultural) aos 22 anos de idade. Sempre tive vontade de conhecer outros países e sempre gostei muito de estudar outras línguas e de outras culturas. Estudei (tentei estudar rsrs) japonês, persa farsi, alemão, espanhol, francês e inglês, mas acabei aprendendo mesmo apenas a língua inglesa. Não me identifiquei o suficiente com os outros idiomas para conseguir continuar estudando-os. Estudei de 6 meses a dois anos cada um desses idiomas e, hoje, devido à falta de prática, eu não me lembro de quase nenhum deles.

Intercâmbio

Eu me sentia (sinto) bastante deslocado no Brasil, é como se esse país não fosse o meu lugar. Hoje estou mais tranquilo quanto à minha identidade, mas precisei ir para fora para minimamente me reconhecer aqui dentro. Eu ainda não me sinto parte dessa nação, e tenho todos os motivos do mundo para isso; afinal, “esse país não é para os fracos de coração”. Além disso, eu me incomodo bastante com alguns aspectos de nossa cultura, especialmente, o lado negativo do jeitinho brasileiro. Nesse sentido, acredito que a nossa cultura é uma afronta à cidadania e isso deve-se à falta de investimento em estudo.

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Além disso, sempre ouvi o discurso de que eu era o estrangeiro, o de fora, o garoto do sul, enfim, de alguma maneira eu não fui “inserido no grupo” por não ser o estereótipo brasileiro. Na verdade, acredito que a nossa definição deveria ser dada em função de nossa grande diversidade. Mas enfim, poucas pessoas compreendem esse fato. Elas ficam encantadas com as pessoas com uma tonalidade mais clara. Nesse sentido, para eles, essas pessoas são estrangeiras, do sul, ou deveriam estar na televisão, no cinema ou na capa de uma revista. Eu sinceramente não gostaria de estar em nenhum desses lugares. Gostaria, por outro lado, de estar bem longe desse país. Em uma terra onde as pessoas não me olham e me vigiam tanto, em um local onde a “diferença” não gera tanta ambiguidade.

Gosto de embarcar em destinos exóticos e fora dos padrões de cidade. Por isso, a minha primeira viagem foi para Bolívia e Peru. Criei, na época, uma comunidade no orkut e, durante um ano, preparei-me para embarcar nesse meu sonho. Essa primeiro viagem foi muito marcante, pois foi a minha primeira experiência de imersão.

Depois, decidi fazer intercâmbio estudantil. Naquela época, eu queria melhorar o meu inglês, então, escolhi um país de língua inglesa. Pesquisei vários lugares e me encantei pelas Ilhas Maltesas no Mediterrâneo. O país é lindo, composto por três ilhas: Malta, Comino e Cominoto. Decidi estudar na Sprachcaffe Language Plus, uma escola onde as interações sociais e a comunicação são os maiores focos de nossa aprendizagem. No entanto, eu permaneci cerca de um mês e alguns dias lá. A minha experiência foi curta, mas tive lições diárias de gramática da língua inglesa pela manhã e em outros momentos do meu dia eu passava o tempo inteiro conversando em inglês e interagindo com os moradores da ilha. Levei em consideração o contexto bilíngue do país, a cultura e a beleza para ter escolhido esse local. Também levei em consideração o fato de pensar que não haveria muitos brasileiros por lá, mas… há brasileiros em cada esquina de qualquer lugar.

Sempre fiz todas essas viagens pela Bex Intercâmbio Cultural. Eles foram uma equipe bastante competente nesse sentido. Forneceram-me todas as instruções necessárias para as minhas viagens e facilitaram bastante as formas de pagamento. Eu, fortemente, recomendo-os.

Depois de Malta, achei interessante permanecer por mais tempo no exterior em uma atividade de intercâmbio. Inicialmente pensei em trabalhar na minha área: línguas/educação, mas não encontrei muitas vagas. Eu sempre me interessei pela área administrativa, então, decidi fazer um intercâmbio na área administrativa em uma ONG. E, além disso, a minha experiência foi voluntária, ou seja, eu estagiei e prestei serviço voluntário em uma ONG. Confesso que essa experiência foi maravilhosa para a minha vida pessoal e profissional. Consegui me sentir mais seguro em relação ao meu inglês e também me senti capaz, pois passei vários meses trabalhando em outro país, atendendo telefonemas, preenchendo relatórios e interagindo com as pessoas da ONG e de algumas comunidades, quando viajávamos. E tudo isso, na África do Sul, um país mágico e muito bonito. Tive de aprender a andar de metrô e a me situar naquele contexto. No início não foi fácil me adaptar a essa nova vida, também tive dificuldades financeiras, o que me trouxe grande conhecimento em relação à administração de minhas finanças.

Fiz uma lista resumo de dez grandes ressalvas para quem quer (vai) fazer intercâmbio (cultural/estudantil):

1) Fuja de brasileiros no exterior

Se o seu objetivo é melhorar o seu inglês e não ter muitos problemas, não se aproxime de brasileiros. É sério. São pouquíssimos aqueles que lhe acrescentarão algo fora do país. Eles dificilmente têm boa fluência de inglês (inclusive, os professores das escolas onde estudei no exterior sempre reclamavam desse nosso aspecto cultural: BRASIL SIL SIL SIL SIL SIL). Muitos brasileiros gostam de estar em grupo para não terem de fazer o menor esforço e falar o idioma do país visitado, o que é um grande desrespeito. Você deve, minimamente, tentar aprender o básico antes de viajar para qualquer país, não espere que as pessoas tenham de falar a sua língua ou compreender as suas mímicas.

2) Esteja atento(a) à documentação (tipo de visto), cartões de vacinação e vencimento de seus documentos

Eu já tive uma péssima experiência no exterior, quando, ao voltar para o Brasil, percebi que havia perdido um documento que me havia sido dado na entrada de um país. Isso é muito comum no Chile, na Argentina e na Bolívia, pois não é preciso de passaporte para entrar nas nações vizinhas. Mas ainda que você leve passaporte, eles lhe dão algum papel que será necessário ser apresentado na sua volta ao Brasil. Nesse caso, o problema ocorreu na Bolívia. Cheguei no aeroporto e simplesmente não encontrei o documento para sair do país. Na verdade, eu nem tinha percebido esse fato. Para conseguir ir embora, eu deveria pagar uma taxa de 200 dólares. Felizmente, ou infelizmente, eu não tinha esse dinheiro. No final das contas, encontrei o documento em um bolso de uma calça suja na mala. Detalhe, faltavam pouquíssimos minutos para o check in encerrar.

3) Atenção às finanças

Intercâmbio

Se você vive no Brasil com pouco dinheiro, especialmente, estudante, não iluda-se, acreditando que no exterior é tudo mais barato e você não terá muitos gastos. Até porque lá você não terá com quem contar. Veja se o seu cartão de crédito está liberado para uso no exterior, leve também dinheiro em espécie para o caso de taxas surpresas a serem pagas em alguns aeroportos ou para táxi… Não vá com o dinheiro contato. Quando você chega em outro país, é tudo muito novo e toda essa “novidade” pode levá-lo(a) à “miséria” ou transformar a sua viagem em um martírio.

4)- Tenha cuidado e não banque o “turista”

Intercâmbio

Tenha muito cuidado em qualquer lugar do mundo, mesmo nos países desenvolvidos. Procure conhecer as leis do país, aspectos culturais e evite problemas. Em alguns casos, evite querer se diferenciar tanto dos outros. Às vezes, chamar a atenção demais pode ser um problema.

5)- Procure “conhecer” a cidade de destino antes de viajar e a sua habitação

Intercâmbio

Pesquise no Google Earth, veja vídeos no youtube, leia comentários e tenha certeza e conhecimento acerca do local onde você deseja ficar. Às vezes, 100 metros pode ser um problema. Não pense que o centro é o melhor local de se ficar em muitos países. Eles são, muitas vezes, decadentes e perigosos. Essa visão positiva de centro para se morar como no Brasil e subúrbio como local de desprezo é muito brasileira. No exterior, o subúrbio não é, necessariamente, um local ruim. Subúrbio quer dizer afastado do centro. Além disso, os chamados albergues, no exterior, não são locais de pessoas marginalizadas/desabrigadas, como muitos pensam no Brasil. Já fiquei em albergues, no exterior, que pareciam hotéis.

6) Não seja Clichê, chega de EUA e Canadá (todos já pisaram nesses países)

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Sério, já encheu o saco dessa história de intercâmbio para EUA e Canadá. Ninguém merece ouvir tanta menção a essas nações. O mundo é tão grande e tão mais interessante do que a América do Norte. Acho tão limitado as pessoas acharem que a América do Norte é o centro do mundo… mas se você quer ir para lá, fazer o que, vá…

7) Converse bastante e faça amigos estrangeiros

Estabeleça fortes laços de amizade com estrangeiros e nativos. Eles farão o seu inglês fluir. Fale muito, peça informações, converse com vendedores, com motoristas… vá ao cinema e tente se inserir em quase todas as atividades do seu dia a dia. Isso fará você ter segurança em relação à comunicação.

8) Atenção aos gastos com as agências de intercâmbio

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Pesquisa. E se quiser economizar, não deixe todo o período de intercâmbio pago com a agência. Pague apenas os primeiros meses. Você pode não se adaptar à escola escolhida ou ao local onde você estiver.

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9) Leve o necessário

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Você provavelmente tratá o dobro de bagagem de sua viagem. Então, evite coisas desnecessárias. Se for o caso, compre roupas no exterior.

10) Não coma sempre em restaurantes, cozinhe e, para economizar, fuja de lojas de shopping

Sinceramente? Por qual motivo alguém decide viajar milhares de quilômetros para comprar roupas em shopping centers de outros países? Ainda mais no caso de serem as mesmas lojas dos shoppings no Brasil? Procure lojas locais, distantes de shoppings. Shoppings sempre são locais caros e há sempre boas opções de lojas e marcas locais.

Desejo a todos boa viagem e muita diversão!

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Paraguai

Permaneci dois dias na capital do Paraguai: Assunción. A cidade me lembrou a dinâmica urbana de Santa Cruz de La Siera. A cidade era bonitinha, mas achei tudo muito caro. Permaneci dois dias apenas em Assunción. Talvez não tenha sido o suficiente para ter tido uma verdadeira impressão sobre o local.

A vegetação do Paraguai era muito parecida com a vegetação do pantanal. Não tirei fotos, não achei a cidade um diferencial. Na verdade, quando eu viajo, odeio a ideia de ir para lugares clichês de “cidades”, no sentido da cidade moderna, onde há um Mac Donalds na esquina, os grandes templos de consumo: shoppings, hotéis, ruas com carros, metrôs e aquela cara de “urbano” padrão ou onde o urbano pode até não prevalecer, mas onde os espaços não passam de espaços públicos transformados em espaços privados, onde tudo é pago e estruturado nos modelos pós modernos. Gosto de viajar por cidades diferentes, gosto de comer em restaurantes mais locais, gosto de comprar roupas de lojas locais, comer comidas locais e experienciar as cidades em seu cotidiano local. Fujo de programas de turismo ou de uma cidade direcionada aos “turistas”, porque o meu bolso agradece e a minha experiência é mais concretizada, é menos plástica.

Os grandes centros metropolitanos, em algum aspecto, são muito parecidos. Eu não vejo razão em viajar para esses centros, ficar nas mesmas redes de hotéis internacionais, comer as mesmas comidas industrializadas e padronizadas e fazer compras no shopping das mesmas coisas que vendem no Brasil. Isso não faz sentido.

 

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