O que é ontologia e epistemologia?

Quando entrei no mestrado, tive dificuldades para distinguir ontologia e epistemologia. De início, fui criticado, com o meu pré-projeto, em relação aos pressupostos ontológicos e epistemológicos. Na verdade, eu não tinha ainda muita maturidade sobre isso, mas depois de muitas leituras, de conversas com orientadores de mestrado, de especialização e colegas, acredito que comecei a compreender os termos e aplicá-los a minha pesquisa.

Como eu já disse em outros textos, a filosofia é a base de todas as ciências (embora hoje, fazer filosofia e fazer ciência sejam, em algum momento, ações distintas).  Portanto, o estudo de filosofia é complementar a todas as outras áreas.

A dificuldade com esses dois termos da filosofia deve-se ao fato de eles serem abstratos demais e confusos, porque possuem relação um com o outro, especialmente no caso de pesquisa científica.

Ontologia é o estudo/essência do ser. É possível compreender esses conceitos, por exemplo, fazendo-se os seguintes questionamentos (insira o seu objeto de estudo nesses questionamentos para compreendê-los em sua pesquisa):

1-      O que é realidade? (O que define realidade? A realidade existe? É atingível? O que é realidade?)

2-      O que é epistemologia e ontologia?

3-      O que é discurso?

Eles serão importantes para guiar e conduzir o caminho científico. E eles estão relacionados a objetivos, métodos, justificativa, análise de dados, entre outros.

Se os pressupostos ontológicos (a respeito da essência do objeto de estudo) do pesquisador são direcionados para a seguinte visão:

“Realidade refere-se a fatos que estão esperando para serem descobertos.”

Então, é possível que o pesquisador/cientista sinta-se mais confortável em fazer um experimento para investigar fatos e talvez comprová-los, se assim posso dizer. É uma visão que muitos acreditam ser mais “objetiva” em ciência. Eu diria: positivista. Para não ser tão crítico, diria talvez que é um modelo de pesquisa muito presente nas ciências exatas, embora em ciências humanas haja influência desse modelo. É uma visão ontológica estruturalista, formalista, moderna (em oposição ao que Giddens chama de Modernidade tardia)…

Porém, se o posicionamento/visão ontológica do pesquisador é:

“Realidade é… efêmera, líquida e só pode ser pensada a partir do referencial de alguém/de algo.”

Então, a visão ontológica do pesquisador/cientista é mais funcionalista, pós-estruturalista, moderna-tardia (em oposição ao conceito de modernidade) e talvez o seu caminho rumo ao se fazer ciência seja em relação a um objeto de estudo cujo sentido é construído e não pronto, estático e dado.

Por outro lado, em função dos desafios enfrentados em pesquisa, na definição de objeto de estudo/problematização desse objeto, a epistemologia está para os meios necessários para compreender a essência do ser, a ontologia.

Epistemologia significa estudo do conhecimento. Ela pode ser compreendida fazendo-se também questionamentos:

O QUE É realidade? (ontologia)

COMO eu posso conhecer a realidade ou me aproximar dela, interpretá-la? (epistemologia)

SE realidade existe, como posso conhecer e me aproximar dela?

(epistemologia)

Ambas as bases ontológicas e epistemológicas de uma pesquisa devem estar em sincronia; elas afetarão, de alguma maneira, OS RESULTADOS  que serão encontrados.

Se a visão epistemológica do pesquisador é:

“Os meus sentidos me ajudam a compreender o mundo OBJETIVO”. Essa é uma visão que o (a) levará a um caminho mais empirista, o que o fará utilizar dados prontos para pesquisa, trabalhar talvez com comprovações…

Porém, se o cientista compartilha desta outra visão epistemológica:

“Eu poderia confiar em meus sentidos?”

Isso significa que o conhecimento é construído conforme cada sujeito, ele é subjetivo e varia de acordo com grupos ou pessoa. Então, o cientista é um construtivista, o que poderá direcioná-lo à Análise de Discurso Crítica (ADC), aos estudos de questões relacionadas a Interações Sociais e construção de conhecimento. Isso poderá implicar uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado, em algumas universidades, escritas em primeira pessoa: EU, o que não configura, embora haja muitos opositores, um problema de achismo, pois essa decisão não invalida os métodos da pesquisa. De qualquer maneira, nessa visão, é possível apenas se aproximar de um aspecto da realidade sobre um trabalho/pesquisa e de teorias/autores utilizados. A pesquisa, nesse caso, é um recorte da realidade que o(a) pesquisador(a) fez.

Ambos esses pressupostos ontológicos e epistemológicos são relativos, respectivamente, à pesquisa quantitativa (mais tradicional, mais preocupada com a realidade, a objetividade e impessoalidade no texto) e à pesquisa qualitativa ( mais crítica, discursiva, cuja visão de “realidade” depende do referencial e de um processo de construção, que compreende a realidade como efêmera – pois tudo está em constante mudança, subjetiva, centrada no pesquisador – que pode escrever em primeira pessoa para assumir a sua voz de pesquisador, bem como o ângulo – ou os ângulos, o qual a pesquisa será observada).

Algumas ideias nesse texto foram traduzidas da página:

http://eddiechauncy.blogspot.com.br/2012/01/what-are-ontology-and-epistemology_12.html

Para mais posts sobre metodologia científica, acessem o meu site:

https://criteriorevisao.com.br/http:/criteriorevisao.com.br/topicos/revisao-de-texto/mestradodoutorado/

https://criteriorevisao.com.br/http:/criteriorevisao.com.br/topicos/revisao-de-texto/metodologia-de-pesquisa/

 

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