Resumo crítico: proposta de redação

RESUMO CRÍTICO OU RESENHA

Resumo crítico ou resenha não é apenas um resumo informativo ou indicativo. A resenha deve ser entendida como uma análise interpretativa e, por esse motivo, irá depender da sua capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores e ideias sobre o tema em questão, contextualizando o texto que está sendo analisado.

Na elaboração de uma resenha crítica, deve-se procurar resumir o assunto, apontar as deficiências e/ou pontos que, sob a sua ótica, poderiam ser melhor trabalhados, sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, destacar os pontos fortes com ponderação. A resenha deve ser direta.

COM BASE NO TEXTO ANTERIOR E NAS INDICAÇÕES ABAIXO, FAÇA UM RESUMO CRÍTICO SOBRE O TEXTO DE BOFF – “CRÍTICA AO MODELO-PADRÃO DE SUSTENTABILIDADE“:

Inicie o seu resumo com: “de acordo com”, “segundo”, “para”.

O seu resumo crítico deverá conter apenas dois parágrafos. Primeiramente resuma as ideias principais do autor em apenas um parágrafo. Em seguida, inicie a sua crítica em outro parágrafo.

Busque responder, em sua crítica, qual é a relevância do texto de Boff em relação aos desafios de nossa era?

Exerça uma atitude crítica frente às posições do autor em termos de:

a) – Relevância das ideias do autor;
b) – Validade dos argumentos empregados;
c) – Originalidade do tratamento dado ao problema;
d) – Apreciação e crítica em relação às ideias defendidas.
A sua crítica deve, primeiramente, referir-se aos argumentos utilizados pelo autor. Os argumentos utilizados são significativos?
Evite marcas de pessoalidade em sua crítica e no resumo, escreva o seu texto em terceira pessoa;

A sua crítica deve seguir as orientações de crítica dadas pelo professor em sala de aula.
Mínimo 10 linhas;
Máximo 15 linhas.

DICA: SUBLINHE AS PARTES MAIS IMPORTANTES DO TEXTO.

TEXTO PARA RESENHA

CRÍTICA AO MODELO-PADRÃO DE SUSTENTABILIDADE

Os documentos oficiais da ONU e também o atual borrador para a Rio+20 encamparam o modelo padrão de desenvolvimento sustentável: deve ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. É o famoso tripé chamado de Triple Botton Line (a linha das três pilastras), criado em 1990 pelo britânico John Elkington, fundador da ONG Sustain Ability. Esse modelo não resiste a uma crítica séria.

Desenvolvimento economicamente viável: Na linguagem política dos governos e das empresas, desenvolvimento equivale ao Produto Interno Bruto (PIB). Ai da empresa e do país que não ostentem taxas positivas de crescimento anuais! Entram em crise ou em recessão com consequente diminuição do consumo e geração de desemprego: no mundo dos negócios, o negócio é ganhar dinheiro, com o menor investimento possível, com a máxima rentabilidade possível, com a concorrência mais forte possível e no menor tempo possível.

Quando falamos aqui de desenvolvimento não é qualquer um, mas o realmente existente que é aquele industrialista/capitalista/consumista. Este é antropocêntrico, contraditório e equivocado. É antropocêntrico pois está centrado somente no ser humano, como se não existisse a comunidade de vida (flora e fauna e outros organismos vivos) que também precisa da biosfera e demanda igualmente sustentável. É contraditório, pois, desenvolvimento e sustentabilidade obedecem a lógicas que se contrapõem. O desenvolvimento realmente existente é linear, crescente, explora a natureza e privilegia a acumulação privada. É a economia política de viés capitalista. A categoria sustentabilidade, ao contrário, provém das ciências da vida e da ecologia, cuja lógica é circular e includente. Representa a tendência dos ecossistemas ao equilíbrio dinâmico, à interdependência e à cooperação de todos com todos. (…)

É equivocado, porque alega que a pobreza é causa da degradação ecológica. Portanto: quanto menos pobreza, mais desenvolvimento sustentável haveria e menos degradação, o que é equivocado. A expressão desenvolvimento sustentável representa uma armadilha do sistema imperante: assume os termos da ecologia (sustentabilidade) para esvaziá-los. Assume o ideal da economia (crescimento) mascarando, a pobreza que ele mesmo produz. Socialmente justo: se há uma coisa que o atual desenvolvimento industrial/capitalista não pode dizer de si mesmo é que seja socialmente justo. Se assim fosse não haveria 1,4 bilhões de famintos no mundo e a maioria das nações na pobreza. (…) Tudo isso denuncia a falsidade da retórica de um desenvolvimento socialmente justo, impossível dentro do atual paradigma econômico. Ambientalmente correto: O atual tipo de desenvolvimento se faz movendo uma guerra irrefreável contra Gaia, arrancando dela tudo o que lhe for útil e objeto de lucro, especialmente, para aquelas minorias que controlam o processo. Em menos de quarenta anos, segundo o Índice Planeta Vivo da ONU (2010) a biodiversidade global sofreu uma queda de 30%. Apenas de 1998 para cá houve um salto de 35% nas emissões de gases de efeito estufa.(…)

Em conclusão, o modelo padrão de desenvolvimento que se quer sustentável, é retórico. Aqui e acolá se verificam avanços na produção de baixo carbono, na utilização de energias alternativas, no reflorestamento de regiões degradadas e na criação de melhores sumidouros de dejetos. Mas reparemos bem: tudo é realizado desde que não se afetem os lucros, nem se enfraqueça a competição. Aqui a utilização da expressão “desenvolvimento sustentável” possui uma significação política importante: representa uma maneira hábil de desviar a atenção para a mudança necessária de paradigma econômico se quisermos uma real sustentabilidade. Dentro do atual, a sustentabilidade é ou retórica ou localizada ou inexistente.

Leonardo Boff

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Resumo e resenha

De maneira geral, o resumo é um texto que contempla os principais argumentos do texto original. Lembre-se de que um resumo não é um esquema (que é o esqueleto do texto, formado por palavras-chave, temas, e orações e não por parágrafos).

Para ficar mais claro, imagine a seguinte hierarquia:

4. SOCIEDADE; 3 TEXTO; 2 RESUMO; 1 ESQUEMA.

O texto possui relação com as nossas práticas na sociedade:4 . O texto é um recorte de um aspecto da realidade de alguma produção social: 3. O resumo constitui um recorte desse aspecto: 2 e o esquema um recorte maior ainda deste: 1.

Há vários tipos de resumo. Não irei pontuá-los neste post, inclusive, porque acredito que há várias maneiras eficazes de produção de resumo para melhor organização do conhecimento, e elas dependem de questões subjetividas à aprendizagem.

Entretanto, vale ressaltar a diferença entre resumo e resenha, pois muitos não sabem diferenciar esses textos.

O resumo crítico ou resenha constitui um resumo, como mencionei anteriormente, mas ele também inclui uma crítica sobre a obra/texto resumida(o). Você poderá intercalar um parágrafo de descrição em seu resumo crítico e um de crítica (acho mais eficaz dessa maneira) ou dividi-lo em duas partes, primeiramente resumir a obra e depois inserir a crítica. A crítica pode referir-se à linguagem utilizada pelo autor, à maneira pela qual ele escreve, as contribuições que a obra trouxe, bem como questões relativas ao conteúdo da obra/texto em si.

A crítica não deve fundamentar-se em seus achismos, mas em conteúdos concisos e coerentes, preferencialmente adquiridos em processo de escolarização, com base na ciência e não em religião, preconceitos ou argumentos infundados.

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