Segunda ou terceira Revisão de Texto

Sempre digo isto a todos os meus clientes: “olhar de Revisor algum sobre um texto será absoluto”. Tampouco se deve pensar que o processo de redação ou de publicação de um texto se encerra com o Revisor de Textos.

O texto é um processo de construção, sempre, inacabado

O texto é um processo de construção, por sua própria natureza (humana), inacabado. Isso significa que, especialmente em virtude de sua extensão e da complexidade do pensamento humano, não é possível concebê-lo, em momento algum do processo de redação, como “pronto”, tampouco resolver todos os problemas destes, seja na escrita ou na dita publicação “final”.

Com licença, charlatões ou egocêntricos (revisores ou autores, desinformados ou não, que concebem o texto, em algum momento, como “pleno”) que possam lançar o seguinte questionamento neste momento: “então, para que o texto precisa ser revisado, se ele sempre seria passível de problemas e de falhas?”

Resposta: SE É COMUM QUE TEXTOS CONTENHAM PROBLEMAS MESMO COM TODO O PLANEJAMENTO DO AUTOR, ESFORÇO DO REVISOR E COMPETÊNCIA DA EDITORA NO PROCESSO DE PUBLICAÇÃO, IMAGINEM O QUE SERIA DO TEXTO SENÃO TIVESSE SIDO REVISADO/PENSADO/PLANEJADO?

Todo texto pode ser melhorado/revisado/(re)planejado e (des)construído

Todo texto, sempre, poderá ser melhorado ou reescrito, ele é tão fluido como o próprio ser humano, embora implique o “registro” do pensamento em determinado período de tempo. Essa fluidez ocorre, grosso modo, por meio de um processo reflexivo em relação ao próprio pensamento*, e se estende a outros textos, por exemplo, por meio da interxtextualidade.

* Ou, melhor dizendo, em relação aos vários discursos proferidos em nossa sociedade, trazendo a discussão para um recorte mais linguístico.

*O discurso constitui uma relação mais abstrata entre nossa língua, pensamento e as nossas práticas sociais. Prefiro pensá-lo em uma perspectiva mais coletiva, relacionada ao grupo e sua influência na sociedade. Nesse sentido, existem vários discursos, eles são proferidos por várias pessoas que o manutencionam, ideologicamente, e não por acaso, mesmo que se digam “neutras”.

Portanto, texto constitui a materialização de discursos, ou, de maneira mais genérica, o registro do nosso pensamento.

Não existem textos absolutos e “prontos”, existem textos bem trabalhados, bem escritos e organizados

Não é possível conceber o texto como um “produto acabado”, “absoluto” e “pronto”, tampouco a linguagem deste. Talvez, possamos falar em um texto BEM TRABALHADO, BEM ESCRITO E ORGANIZADO em relação à determinado contexto de circulação. Vale ressaltar que, nesse processo, a responsabilidade última do texto é do autor, SENHOR DE SEU PRÓPRIO TEXTO.

Ressalto que escrita é, por exemplo, segmentada, diferentemente da fala. Além disso, por meio dela, nós organizamos as nossas ideias, e, ao registrá-las, temos a oportunidade de, em processo reflexivo, revê-las (bem como de rever a maneira pela qual as proferimos, para quem proferimos e em que contexto estas são proferidas) e melhorá-las.

O pensamento humano é falho!

O pensamento/mente humano/humana é falho/a (seja em nível individual ou coletivo). É recorrente inadequações em textos, pois o nosso pensamento não é absolutamente simétrico e lógico. Mesmo que haja uma Língua que dominamos e falamos para organizá-lo.

No ramo de Revisão de Textos, é comum a necessidade de segunda ou terceira Revisão. O que é de conhecimento de revisores, embora não seja de muitos autores.Todos os contratos que assino, por exemplo, com empresas, especialmente com editoras, incluem segunda ou terceira Revisão de Texto.

Também, deixo essa questão esclarecida a todos os meus clientes, desde o primeiro momento em que negocio o meu serviço. Este é um consenso em minha área, embora seja uma grande falha revisores não alertarem os seus clientes sobre esse fato, muitas vezes, por medo de perdê-los ou assustá-los.

O processo de redação de um texto não encerra com o Revisor

Revisores de Textos não trabalham com a noção absoluta de Texto. Revisores não são deuses, não são oniscientes, onipotentes e onipresentes, mesmo que insistam em se divulgar (falsa propaganda) dessa maneira ou que clientes tenham essa visão (limitada) ou que busquem (inequivocadamente) por uma redenção de seu próprio texto.

Também esclareço que segunda e terceira Revisão constituem serviços complementares a primeira Revisão do Texto, mas não são gratuitos, porque implicam trabalho extra ao que o revisor se propõe a fazer (e isso não é culpa/responsabilidade do Revisor, afinal, ele não é autor do texto).

Eu cobro adicional de 20% em relação ao primeiro valor acordado, para cada vez que o texto for encaminhado para um novo olhar. É importante dialogar com o Revisor e ler, atentamente, a descrição de serviço deste, para que não haja mal entendidos e para que questões relativas à Língua Portuguesa, bem como ao universo textual, sejam melhor esclarecidas.

Share on Facebook