Como diz o velho ditado: “dinheiro não dá em árvore”. Então, como conseguir, com os poucos recursos que sobram para as pessoas hoje e diante de tantos gastos e de um custo de vida cada vez mais alto, viajar, ainda mais para países cuja moeda é Euro (quase 5 vezes maior do que a nossa?) E se for uma viagem para um país do norte, como Islândia, Finlândia e Suíça, como planejar uma viagem para esses lugares caríssimos ou para qualquer outro, já que o nosso poder de compra anda baixo?
A primeira pergunta que eu faço é: qual é o nível de prioridade de uma viagem para você hoje? Para onde você vai? É possível, sim, ter acesso, hoje, a viagens, bens, comprar imóveis, enfim, a muitas coisas para quem só ganha, por exemplo, entre 1.500,00 reais e 4.000,00 reais por mês, mas tudo depende de nossas prioridades e de nosso padrão de vida. Eu sempre vivi com muito pouco dinheiro, tampouco fui “paitrocinado”. Sempre trabalhei, desde os meus 17 anos, o que foi ótimo, pois aprendi o valor do dinheiro e a investir em minhas prioridades.
Viagens para mim são prioridades. Isso significa que eu abro mão de muitas coisas para viajar e planejo a minha vida financeira em virtude de meus objetivos e sou muito disciplinado nesse sentido. Desde quando eu era mais jovem, quando ainda era universitário e chegava a ganhar menos de 2 mil reais por mês, sempre consegui viajar, mesmo pagando 600 reais para morar próximo à faculdade, gastando com alimentação mais 500 reais por mês e algum outro dinheiro com livros, transporte etc. Eu planejava todos os meus gastos, fazia planilhas e distribuía o meu dinheiro conforme as minhas prioridades. Acredito que todos podem atingir os seus objetivos, o que os difere de quem tem mais dinheiro é o tempo para que essa conquista ocorra e, também, a prioridade que você dá a um sonho ou a um objetivo.
É preciso de disciplina, especialmente para lidar com o dinheiro. Nós não somos ensinados na escola a fazer planejamentos financeiros para a nossa vida. Muitos não sabem o que o dinheiro é ou como funciona. Conheço pessoas que ganham menos dinheiro do que outras e têm acesso a coisas que outras não têm ou têm mais dinheiro do que outras. Por quê? Se você não souber administrar o seu dinheiro, senão souber usá-lo, senão tiver propósito e raciocinar, poderá ganhar quanto for, mas poderá não cumprir os seus objetivos e poderá não realizar os seus sonhos.
Vale a pena diminuir gastos até com alimentação. Não quero dizer que você tem de “passar fome” para cumprir os seus objetivos, mas abrir mão de algumas coisas, pesquisar, comer, por exemplo, frutas da estação, que são mais baratas, ir a supermercados mais baratos, optar por plantar o seu próprio alimento, produzir o seu próprio lanche de trabalho em vez de comprar e gastar dinheiro na cantina, em padarias, quando passeia, mesmo que você seja encarado como o pão duro ou antissocial que não curte “sair”. A questão é que as pessoas estão acostumadas a sempre pagarem para qualquer tipo de diversão, de serviço e de produto. Sair, por exemplo, implica, nessa perspectiva, necessariamente, gastar dinheiro. Nós somos expostos a tantos estímulos para gastar… se todos compreendessem esse pensamento, haveria, com certeza, muitos empreendedores em nossa sociedade, porque uma necessidade cria oportunidades de crescimento financeiro desde venda de comida até as coisas mais desnecessárias que você possa imaginar.
Mas isso não precisa ser dessa maneira, você pode sair com seus amigos, família, namorado(a) para lugares públicos, passear em parques públicos e explorar a cidade em uma perspectiva mais “gratuita”, levar os lanches das crianças e fazer um piquenique no parque e ter consciência de que não precisa estar em um restaurante cinco estrelas para isso (não se culpe por isso e não se force a isso, a não ser que isso seja uma prioridade para você, senão for, você será escravo dos próprios mecanismos da vida econômica nas cidades).
Para quem tem crianças, comece a discutir desde cedo com elas o planejamento econômico familiar. Diga quais prioridades vocês têm e explique a elas que isso implicará que elas abram mão de determinadas coisas e de determinados estilos de vida. Não vejo o menor problema de evitar gastar “rios de dinheiro” com festas desnecessárias ou com presentes que a criança nem lembrará por causa do discurso que muitas mães têm: “mas a filha da minha vizinha ganhou… os coleguinhas dos meus filhos ficam perguntando se eles não vão ganhar também… fico triste e dou!” Ah, por favor, né? Nós não precisamos ser tão alienados a esse ponto.Desculpe-me, mas IGNORE a boneca da TV ou o brinquedo da época, ensine o seu filho a ter maturidade e a ser consciente sobre essas questões, mas explique que talvez seja melhor não gastar dinheiro com essas coisas e investir em outras, em uma viagem, por exemplo. (Provavelmente alguém dirá: “você diz isso porque não tem filho”. Resposta: “se tivesse eu o ensinaria o valor do dinheiro, especialmente do meu”). Tenha uma vida menos materialista e possessiva com as coisas e lhe sobrará mais dinheiro. Diminua a sua ansiedade fazendo coisas gratuitas e legais e não jogue o seu dinheiro pela lata de lixo.
Não vou estender a discussão para questões relacionadas a fazer o dinheiro gerar mais dinheiro para você, como vários livros de autoajuda financeira ensinam, já li tantos (O segredo das mentes milionárias, Pai pobre pai rico… e recomendo todos eles, há muitas lições interessantes nessas obras que nos fazem pensar melhor o que é o dinheiro e como lidar com ele em nossa sociedade).
Ressalto que as pessoas querem coisas boas, mas sem fazer esforço. Há muitas pessoas “fracas” que não se doam de verdade pelo que fazem ou por uma causa. O resultado disso é, sempre, fracasso. Se você quer passar um mês viajando ou até um ano, saiba que isso terá um custo e um preço, isso exige esforço. Ignore a ficção que apresenta pessoas ricas, ganhando dinheiro sem fazer esforço. Isso é uma utopia. Dinheiro acaba, é preciso saber administrá-lo, mesmo pessoas bilionárias precisam saber lidar com o dinheiro, porque, por exemplo, o padrão de vida muito elevado pode consumir todo esse dinheiro. O que você está disposto a fazer para isso? Quero dizer, isso é uma motivação para que você esgote as suas possibilidades de planejamento financeiro e, também, para encontrar meios lícitos de ganhá-lo? Pode trabalhar além de seu horário, além de seu emprego? Pode economizar com aquele cafezinho de todas as manhãs? Pode parar de comer em restaurantes, cancelar o seu telefone, optar por um plano de internet mais barato, parar de comprar roupas, sapatos todos os meses?
Faça você mesmo as contas. Multiplique o custo diário de um cafezinho pela manhã, veja quanto esse café implica para um ano, para três anos, faça um lista de coisas que você poderia abrir mão, durante um período de tempo e simule quanto tempo você levaria, abrindo mão de algumas coisas, para investir em outras. Esse é um processo muito parecido com emagrecer ou ganhar massa muscular, a receita é só uma: DISCIPLINA. Não é uma questão de quem ganha mais ou menos, é uma questão de prioridade, das escolhas que você faz.
Além disso, vale a pena lembrar que você pode passar uma semana viajando, um mês viajando, um ano… cada caso implicará um valor. Se você não pode viajar por um ano ( pense em viajar por um período menor, um período que caiba no seu bolso). Uma viagem de uma semana é sempre bem-vinda. Não gosto de passar mais do que 2 meses viajando… já considero isso como “morar”. Se você tem uma família, vale se perguntar: devo levar os meus filhos, os pequenos? Não seria interessante deixá-los e levá-los em uma outra oportunidade? Estou vivendo projetando os meus sonhos em mim ou nos meus filhos? Por que deixo de investir em mim para investir em meu filho, porque coloco toda a minha fé somente nos meus filhos? Por que não posso viver bem como eu gostaria que eles vivessem? Por que o dinheiro não dá ou porque eu vivo alienado(a) em função do que projeto em meus filhos (por que devo me doar tanto para construir um império para o meu filho de maneira que ele não saiba o valor do dinheiro? Será que isso é bom ou ruim? Não seria melhor o meu filho construir o seu próprio “império”?).
As pessoas se apegam aos mesmos discursos que as impedem de fazer qualquer coisa na vida, a mudar de emprego, a mudar de vida… também sei que temos de ser responsáveis pelos nossos filhos, mas isso é muito diferente de nos apagar por eles e facilitar a vida deles demais (uma dose de esforço não faz mal a ninguém, muito pelo contrário). Sei que isso não é uma coisa tão fácil, mas eu, quando busco algo, especialmente quando cismo de viajar, não tiro isso de minha cabeça, me organizo, planejo, trabalho mais, economizo para cumprir os meus objetivos e conseguir o que eu quero e eu faço isso, simplesmente, para me fazer feliz (viajar é tão maravilhoso). As pessoas me pressionam a ser mais fíxo em um local, por exemplo. Eu não me interesso pelo que elas pensam, vivo o meu próprio estilo de vida, estilo de vida que me faz feliz.
Vale se questionar se você está com alguém que tem os mesmos objetivos que você, o que, também, facilitará todo esse processo.