Coesão e coerência na produção de texto
A coesão e coerência são de extrema importância para a prática de redação. A coesão funciona em função da coerência e vice-versa, embora seja possível haver texto coeso, mas não coerente. A coesão está para a estrutura assim como a coerência está para o sentido de um texto. Ambas permitem ao texto o seu caráter de textualidade, por meio de conectivos ou elementos de coesão, sejam eles preposições, conjunções, pronomes ou advérbios.
Para Beaugrande & Dressler, há sete critérios de análise utilizados pela linguística textual, entre eles está a coesão e a coerência. É possível perceber, assim, a relevância da coesão e da coerência em relação aos processos de construção de um texto. Segundo Koch (2009), designa-se por coesão a “forma como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se interligam, se interconectam, por meio de recursos linguísticos, de modo a formar um “tecido” (tessitura), uma unidade de nível superior à da frase, que dela difere qualitativamente.”
Costuma-se dividir a coesão em duas partes, a coesão referencial ou remissiva e a coesão sequencial. Os meios capazes de realizar a coesão referencial costumam ser elementos de ordem gramatical como os pronomes de terceira pessoa (retos e oblíquos), os demais pronomes (possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos), os numerais, o artigo definido e alguns advérbios locativos (ali, aí, lá). Já a coesão sequencial diz respeito, como informa Koch “aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos e mesmos sequencias textuais), diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticos discursivas, a medida que se faz o texto.
Segundo Platão e Fiorin (1996), a coesão textual “é a ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões ou frase do texto”. Marcuschi (1983) define os fatores da coesão como sendo “aqueles que dão conta da sequenciação superficial do texto, isto é, os mecanismos formais de uma língua que permitem estabelecer, entre os elementos linguísticos do texto, relações de sentido.
A coerência diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície textual entram numa configuração veiculadora de sentidos. A coerência se relaciona, portanto, com o ordenamento de elementos macroestruturais. No processo de coerência textual destacam-se a coerência semântica, sintática, estilística e pragmática. A coerência semântica refere-se à ambiguidade de sentidos em relação aos elementos de uma oração. Exemplo de incoerência semântica: O governo principalmente não corresponde de uma maneira correta em relação ao nível de condições que para muitos seriam uma decisão óbvia.
A coerência sintática refere-se a conectivos, pronomes. Exemplo de coerência sintática: Então as pessoas que têm condições procuram mesmo o ensino particular. Onde há métodos, equipamentos e até professores melhores.
A coerência estilística tem por base a uniformidade do estilo da escrita. Essa falta de coerência pode ser observada no poema de Manuel Bandeira com a mistura de pronome de tratamento (tu/você) e a mistura de registros.
Teresa, se algum sujeito bancar o
sentimental em cima de você
e te jurar uma paixão do tamanho de um
bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredita não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA
Por fim, a coerência pragmática refere-se aos “atos de fala”, por meio do contexto e do direcionamento entre os interlocutores: Exemplo de coerência pragmática: Me inclui fora dessa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARCUSCHI, Luiz Antônio (1983). Linguística de texto: o que é, como se faz. Recife: Universidade Federal de Pernambuco (Série Debates 1).
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão (1996). Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática.
KOCH, Ingedore Vilaça & Vanda Maria ELIAS. 2009. Ler e escrever. Estratégias de produção textual. São Paulo: Editora Contexto.