Dependendo do gênero textual, o emprego de pronomes varia. Na linguagem coloquial, por exemplo, o pronome “que” é bastante utilizado em lugar de vários outros. Na linguagem formal, no entanto, e mais especificamente em gêneros textuais que peçam esse tipo de linguagem, há várias regras. Vejam:
QUE
Esse pronome pode iniciar orações adjetivas restritivas e explicativas:
Ex1:
As cadeiras que são azuis permanecerão. (Restrição – somente permanecerão as cadeiras que são azuis. Ou seja, é possível inferir que há cadeiras de outras cores).
Ex2:
As cadeiras, que são azuis, permanecerão. (Explicação – todas as cadeiras são azuis e todas elas permanecerão).
OBS: atenção ao emprego de vírgula nesse caso. Elas mudam o sentido da oração.
Para empregarmos em linguagem formal corretamente o pronome relativo “que” é necessário observar o seu antecedente. É importante ter atenção a verbo ou nome relacionado após o pronome, pois ele pode exigir a presença, por exemplo, de alguma preposição. Há casos em que o antecedente do “que” não está expresso.
Ex 3:
Leiam a oração A QUE o pronome relativo se refere. (O verbo referir-se exige preposição).
De acordo com Celso e Cunha, se for antecedido do demonstrativo o ou do vocábulo coisa ou equivalente, resumem a expressão ou oração a que o relativo se refere:
Ex4:
Achou-se mais prudente que eu me safasse pelos fundos do prédio, o que fiz tão depressa quanto pude. (C. dos Anjos, MS, 328).
Vamos para um exemplo mais prático:
Ex5:
Quando eu era mais jovem, meus pais faziam eu estudar durante três horas seguidas todos os dias, o que contribuiu para que eu me mantesse mais focado hoje.
QUAL, O QUAL
Ex6:
O nosso vizinho, o qual (QUE) estava doente, saiu para ir à padaria enquanto chovia.
Ex7:
Os nossos vizinhos, os quais (QUE) estavam doentes, saíram para ir à padaria enquanto chovia.
Nesse caso, o pronome relativo “que” pode ser substituído por “o qual”, “os quais”, “a qual” e “as quais”. A troca é interessante em caso de textos em que, nas orações anteriores, o relativo “que” tenha sido bastante utilizado. Essa estratégia/troca evita o chamado “queísmo”.
Percebam também que o relativo “que” (EX 2) também é utilizado para plural.
QUEM
Referência à pessoa (não se utiliza QUE nesse caso) ou a coisa personificada:
Ex8:
Feliz é quem não se importa tanto com minúcias.
CUJO
Utiliza-se cujo(s)(a)(s) em caso de posse. “Cujo o”, “cuja a” NÃO EXISTEM.
Ex9:
Aquela é a senhora de cujo apartamento todos falam. (Percebam a preposição antecedida pelo pronome em função do verbo falar: falam de).
Ex10:
Este é o romance a cujo autor me refiro. (Refiro-me ao autor do romance)
ONDE/AONDE
Na linguagem coloquial não há distinção entre esses pronomes. Segundo Cunha e Cintra, desde os clássicos essa distinção não era tão marcante. Mas, há distinção entre os dois pronomes na linguagem formal:
AONDE
Utiliza-se em caso de verbos que peçam a preposição “a” ou com verbos de movimento. Cuidado com regras “absolutas”. No exemplo abaixo, o verbo é de movimento e não utiliza-se, no entanto, “aonde”, pois a preposição “para” substitui a preposição “a”:
Ex11:
Para onde você vai?
Ex12:
Aonde você vai?
Ex13:
Vejam a escola onde estudo.
ONDE
Deve ser utilizado apenas com referência a lugar físico:
Ex14:
O país onde vivo é o Brasil.
Evitem:
Ex15:
A reunião aonde/onde fui… (a reunião não é um local físico, é um evento).
Ex16:
Vivemos em uma época onde não há respeito. (Sugestão: vivemos em uma época em que não há respeito)
OBS: alguns desses exemplos foram extraídos da Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso cunha e Lindley Cintra.