A vaidade do autor e o despre$o pela Revisão

A vaidade do autor e a autoria

A vaidade nos faz acreditar, por algum tempo, que somos mais especiais que os outros, e que os nossos argumentos têm mais valor, que o nosso discurso tem mais poder, que nossos pensamentos são brilhantes, e que somos indestrutíveis. No universo acadêmico, então, a vaidade do autor, muitas vezes, se manifesta na relutância em submeter o texto à Revisão ou em atribuir, perversamente, atividades de autoria ao Revisor. A vaidade do autor e o despre$o pela Revisão

A expectativa de perfeição linguística em dissertações e teses é uma armadilha recorrente, que frequentemente compromete o desenvolvimento da pesquisa. O texto acadêmico é, a priori, um processo recursivo e inacabado, construído pelo próprio autor, que precisa estar atento às orientações do orientador e às exigências da banca examinadora. Nessa lógica, nem o texto nem a pesquisa se legitimam por autodeclarações de qualidade — e nem mesmo pesquisadores experientes podem pensar dessa maneira, porque o texto é produto do próprio pensamento, o qual é incompleto, e inacabado, não naturalmente coerente e lógico (e esses problemas, às vezes, não se resolvem, simplesmente, com uma simples Revisão, o que exige maturidade intelectual).  Assim, A vaidade do autor e o despre$o pela Revisão

Frequentemente, por falta de tempo ou pelas lacunas acumuladas ao longo do processo, o autor se fecha a reavaliações mais profundas e projeta na revisão a expectativa de que todos os problemas do texto — inclusive os de natureza subjetiva e autoral — serão resolvidos em uma única leitura, geralmente exigida em curto prazo. No entanto, há questões estruturais e argumentativas que não podem ser solucionadas por meio da intervenção de um Revisor, por estarem diretamente ligadas a escolhas de conteúdo e ao desenvolvimento conceitual da pesquisa (autoria).

Autores sustentam expectativas rígidas com base em mitos ou concepções equivocadas sobre linguagem e escrita, o que tende a invisibilizar suas próprias limitações. É importante que o autor esteja disposto a cooperar com a própria produção, e revisitá-la após a Revisão, de maneira natural, sem demonizar o Revisor. Esse processo é fundamental para o amadurecimento do trabalho. Afinal, a produção científica é uma construção coletiva — feita por muitos e voltada para muitos.

É importante, também, que o autor compreenda desde o início que o texto acadêmico possui um caráter recursivo. Embora aquilo que se convencionou chamar de “Segunda Revisão”, um consenso na área, costume ser um serviço cobrado à parte, frequentemente há uma expectativa de que TODOS os problemas do texto, de qualquer natureza, inclusive, sejam resolvidos já na primeira leitura. Essa expectativa, contudo, ignora a natureza do processo de escrita, que demanda intervenções posteriores por parte do próprio autor. Nesse sentido, é fundamental reconhecer que o Revisor não é onisciente, onipresente ou onipotente — seu papel tem limites bem definidos, e não inclui resolver falhas estruturais de autoria ou reescrever aquilo que ainda não foi plenamente elaborado.

A resistência a uma Revisão realizada por um profissional, que é, primeiramente, um sujeito, humano, especialmente em tempos de ChatGPT, não se limita à recusa do processo, mas revela, antagonicamente, também o desprezo inconsciente do autor por si mesmo, muitas vezes buscando no Revisor alguém (um redentor) que assuma a autoria, em desacordo com os princípios éticos e científicos. Esse processo também revela conflitos na relação entre autor e Revisor, no contexto atual, de precarização da Educação, especialmente por meio das relações de trabalho contemporâneas. E, na internet, então… espaço marcado pela ausência de regulamentação e de garantias de direitos fundamentais.

A precarização da Revisão e o desprezo pelo trabalho intelectual

Muitos consideram o trabalho do Revisor como uma tarefa inferior, sem o devido reconhecimento intelectual e profissional, especialmente em relação à área de Educação, tradicionalmente desvalorizada. Autores consideram que, ao pagar pelo serviço, podem exigir disponibilidade total, a qualquer hora, como se este anulasse limites éticos e profissionais. Essa relação abusiva contribui para a exploração do trabalho intelectual e reforça práticas de desrespeito que afetam a dignidade e as condições de quem atua nessa profissão. Primeiramente,

No Brasil, as relações humanas são muito perversas. E há sempre alguém, na academia ou fora dela, tentando reunir os pedaços destruídos de si mesmo por essa sociedade, de maneira que o outro representa sempre uma ameaça a pagar por tal estrago, especialmente quando se fala em valor de dinheiro, o que insere essas relações em uma perspectiva completamente neoliberal, como a sociedade brasileira em si já é, distante da humanização, empatia, e do próprio conceito de nação e união.

É a máxima do poder, articulada à vaidade, a uma projeção distorcida do sujeito, elevada a um nível insano e doses norte-americanas, para superar o viralatismo ignoto: “garota, eu vou pra Califórnia”. Aqui não, Bra$il! =* A vaidade do autor e o despre$o pela Revisão

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