Chuchu ou cereja?

Chuchu ou cereja?

cereja vagabunda

Sempre desconfiei daquelas cerejas vermelhas de padarias, pois elas tinha gosto de jujuba. Estava certo, um dia, descobri que, na verdade, elas não eram cerejas de verdade, mas chuchu. Sim, cereja por fora e chuchu por dentro. E isso não é teoria da conspiração, é um fato. Cerejas “vagabundas”, com preços acessível, que enganam, facilmente, por ai.

Sabia dessa prática no Brasil, pensava que era coisa de brasileiro. Até chegar em Portugal e encontrar em uma prateleira de um supermercado cerejas verdes! Eu fiquei tão impressionado (de fato, alguns produtos só encontro na Europa, praticamente, como suco de maçã-verde).

Abri o vidro da cereja, muito empolgado para sentir o sabor da fruta, quando, me vem ao paladar aquele típico gosto de cereja, digo, de chuchu fantasiado de cereja vagabunda, de padaria. Paguei um euro, ainda pensei que saí na vantagem. Mas o gosto era incomparável, é muito fácil perceber a diferença de uma cereja de verdade e de uma cereja de chuchu. Essas cerejas eram apenas chuchus em uma calda doce (nossa) sem corante vermelho. O pior é que nem colocam essência de cereja para ficar parecido, a impressão realmente é a de comer doce de chuchu (não tem gosto de nada a não ser de açúcar :S).

Algumas diferenças entre Português de Portugal e Português do Brasil

Algumas diferenças entre Português de Portugal e Português do Brasil

Algumas diferenças entre Português de Portugal e Português do Brasil

https://www.youtube.com/watch?v=-1bezj-3Qyw

Quando decidi viver em Portugal, comecei a perceber várias diferenças entre a nossa língua e a língua de Camões. Por algum tempo, pensava que falávamos a mesma Língua. Alguns próprios portugueses insistiram em dizer isso para mim de uma maneira muito cordial, mesmo, em vários momentos, eu não entendendo algumas partes dos discursos deles. Não posso negar, entretanto, que não tive muitas dificuldades para me comunicar em Portugal. Mas, em virtude da diferença de sotaque, do uso de expressões e vocábulos não utilizados por nós, bem como de ter ouvido formações sintáticas que parecem ser formuladas por um estrangeiro e não por um nativo brasileiro, tenho certeza de que não falamos a mesma língua.

Ouvi os portugueses utilizando bastante o termo “fixe”, o que me fez lembrar do inglês, to fix (quando vi a primeira ocorrência por escrito, em uma conversa de Whatsapp). Cheguei a me recordar de uma música do Coldplay, Fix you, quando ouvi esse vocábulo, ahahha, mas não havia relação alguma. Depois de um tempo, percebi que esse termo significa “legal”.

Quando algo não dá certo, é comum que eles digam “fogo”. Isso não é tão diferente do Brasil. Lembro-me de ter ouvido várias vezes no Brasil esse termo para contextos similares, mas, em vez de dizerem fogo, simplesmente, os brasileiros utilizavam um verbo junto ao vocábulo: “é fogo…”

Bem, são tantas diferenças… embora se trate de variação, que posso dizer, com certeza, é que não falamos a mesma língua, embora a nossa comunicação seja possível, em algum nível.