Sobre Anderson Hander Brito Xavier

Somos uma empresa especializada em revisão, padronização e diagramação de textos. Atuamos no mercado há seis anos, possuímos registro no CNPQ e 11 atestes de capacidade técnica. A nossa equipe é composta por mestres, especialistas e graduados pela Universidade de Brasília (UnB).

A escrita na Era dos Algoritmos: o esvaziamento da subjetividade

A escrita na Era dos Algoritmos

A influência dos algoritmos na produção textual

Será que você, ainda, consegue escrever como sujeito que reflete, que elabora, que transcende? Aliás, se isso foi possível algum dia, o que está acontecendo atualmente? Já nos acostumamos a produzir discursos guiados por tendências, por algoritmos que nos convencem sobre o que deve ser dito, como deve ser formulado e em qual tom deve ser apresentado.

Afinal, ao não seguirmos essas tendências, nos resta a invisibilidade e o esquecimento. Nesse contexto, eu pergunto: o que está acontecendo com a nossa capacidade de produzir textos além da mera repetição de fórmulas e estilos que circulam incessantemente pelas redes sociais?

Atualmente, a escrita e o discurso* são moldados por plataformas que limitam o tempo, o espaço e, inclusive, a forma como argumentamos. Quantas vezes você se observou escrevendo mais para agradar o algoritmo, para obter curtidas e compartilhamentos, do que para expor uma ideia autêntica e complexa?

As redes sociais impõem uma estética discursiva baseada na brevidade, na viralização, na emoção rápida, e acabam por desestimular a elaboração cuidadosa, o desenvolvimento lento de um raciocínio.

* Não penso escrita e discurso separados. Mas faço essa segmentação para indicar a escrita como materialização do discurso, e o discurso para o plano mais abstrato, potencial.

Será que ainda conseguimos sustentar uma escrita que busca transcender o imediato? Que se arrisca na complexidade, no aprofundamento, no incômodo? Ou a lógica da exposição digital já nos treinou para evitar qualquer esforço que não se traduza rapidamente em performance, engajamento ou aceitação pública?

O impacto das tecnologias digitais na subjetividade

A naturalização do uso de ferramentas digitais — de sistemas de produção automática de texto, mas também das dinâmicas próprias das redes — está transformando radicalmente a nossa relação com a escrita, especialmente com a escrita acadêmica e intelectual. Se antes o desafio era evitar o plágio, hoje é evitar a substituição completa do próprio ato de pensar.

Tecnologias como o ChatGPT organizam informações com velocidade e precisão impressionantes, mas não são capazes de produzir subjetividade, tampouco de sustentar a criatividade, o que caracteriza a verdadeira produção intelectual. O discurso que emerge dessas mediações tende à homogeneização, ao previsível, ao automatizado.

Se antes escrevíamos para elaborar o mundo e nos transformar com essa elaboração, agora escrevemos para sermos consumidos, aprovados, curtidos. A escrita, nesse cenário, deixa de ser uma via de transcendência, de acesso ao que está além do imediato, e se reduz a uma função pragmática: responder, interagir, se manter visível.

O que está em jogo, então, envolve mais do que o futuro da escrita: trata-se da preservação do pensamento. A normalização do uso de ferramentas que evitam a “dor de pensar” — com a promessa de escrita, decisão e estruturação de argumentos automáticas — implica a substituição do sujeito que escreve, a dispensa da interioridade e a prescindibilidade da subjetividade no discurso.

Você já se perguntou o que perdemos, como sociedade, quando escrever deixa de ser um ato de elaboração subjetiva e se torna apenas um produto funcional, ajustado ao que o algoritmo favorece/ é capaz de oferecer? Quantos de nós ainda resistem ao esvaziamento da escrita como espaço de transcendência, como prática de liberdade intelectual?

Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais comum o fenômeno de livros digitais inteiros sendo escritos por máquinas e lançados ao mercado como grandes sucessos mundiais, muitas vezes sem que os leitores ao menos saibam que não houve ali um processo humano de elaboração subjetiva.

Esse cenário, que já seria preocupante no campo da cultura, torna-se ainda mais alarmante quando se observa a adesão, mesmo na Pós-graduação (na ciência — espaço tradicionalmente dedicado à valorização do pensamento rigoroso e da produção intelectual original), de pesquisadores que utilizam, descaradamente, essas ferramentas automáticas não para apoiar reflexões complexas, mas para cumprir, rapidamente, as exigências institucionais e obter títulos acadêmicos.

O que constituía, anteriormente, uma ameaça representada pelo plágio, atualmente cede lugar a algo ainda mais grave: a substituição completa do ato de pensar por um processo de não elaboração do próprio pensamento, esvaziada de subjetividade e de responsabilidade ética.

É importante resistir, e recusar essa homogeneização; reafirmar que a escrita é processo de subjetivação, de reflexão profunda, de abertura para o novo e o incalculável. Significa também cultivar o tempo e o silêncio necessários para que o pensamento se desenvolva, mesmo quando tudo ao redor sugere velocidade, eficiência e superficialidade.

“Filosofia não é ciência!”: memórias de um Revisor

Compartilho com vocês, queridos seguidores, um e-mail que enviei a um cliente, posicionando-me sobre a pós-graduação stricto sensu no Brasil, em relação a áreas como o Direito e a Filosofia, e como estas carecem de fundamento científico, diferentemente das ciências (humanas ou exatas) contemporaneamente, especialmente em relação a um método.

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“Prezado Anderson, boa tarde!

Muito obrigado pela revisão, formatação e pelas críticas. Sobre estas, eu estou acostumado a ler dissertações e teses no campo das artes que não seguem estruturas tradicionais de dissertação, inclusive muitas são escritas em primeira pessoa. Por isso, escrevi a minha dessa forma – e também porque nenhum dos dois orientadores comentaram sobre falta de metodologia científica. Portanto, acredito que na filosofia e nas artes, a forma de realizar dissertação seja diferente. Há um rigor na pesquisa, mas que difere da metodologia científica tradicional. No próximo ano vou iniciar um doutorado em Antropologia, provavelmente neste programa me dedique mais a metodologia científica por se tratar de uma ciência social.
No entanto, discordo quando você diz que a pesquisa em filosofia é arcaica comparada a ciência, acredito que são apenas duas formas diferentes de produzir pensamento – ambas válidas. De todos os modos, agradeço pelas críticas. Inclusive, se tiver mais críticas e comentários sobre a dissertação, podemos negociar um valor.
(Resposta)
Sim, inclusive, eu redigi a minha dissertação em primeira pessoa do singular ‘eu’, por causa dos paradigmas de pesquisa da minha área. Na arquitetura, os pesquisadores, inclusive, rompem completamente com o padrão de formatação, por uma questão visual e estética ligada à área. Em textos da psicologia, observo também, em relação à linguagem, bastante flexibilidade, assim como em áreas como artes e, inclusive, na minha própria área. “Filosofia não é ciência!”: memórias de um Revisor
Eu cursei algumas disciplinas da filosofia na minha graduação (Teoria da Ciência e outras). Eu adoro filosofia. E somente consegui entender algumas questões ligadas à minha área por causa da filosofia (e em relação à minha própria vida). Sem a filosofia, eu não teria tido subsídio para estruturar o meu pensamento hoje, e acredito que todas as ciências não teriam adquirido tal status. A crítica que eu trouxe sobre a questão arcaica na filosofia refere-se, principalmente, ao fato de o direito fundamentar-se na filosofia, em vez de nas ciências humanas correlatas como antropologia etc., o que limita a nossa dignidade e impede o nosso desenvolvimento neste país, por uma retórica bastante perversa. Há todo um culto, no Direito, arcaico à tradição, oriundo, e também dialógico (d)à filosofia, valorização do termo erudição, fundamentado em uma concepção de ensino e pensamento mais arcaico mesmo, mais antigo e rígido (isso não é, necessariamente, um peso dentro da filosofia como área em si, mas atribuído a esta devido a postura de alguns profissionais e a outras questões). Ainda hoje, embora a filosofia como área tenha avançado bastante, ainda vigora certa rigidez na área. Sem falar no enviesamento da área a uma questão eurocêntrica, especialmente no Brasil, que desprestigia a filosofia oriental e ignora, completamente, as diversas filosofias regionais e nacionais, especialmente em relação a nações ditas não desenvolvidas.
Você tem razão, entretanto, em dizer que são formas diferentes de conhecimento. Mas, verdadeiramente, a ciência, embora não seja uma verdade absoluta, atualmente, é a melhor forma de conhecimento que temos, a que “deu mais certo” e mais bem se aproxima da verdade, mais do que a filosofia, do que opinião, senso comum etc. Penso que isso é inegável.
Quando digo que a filosofia é arcaica, refiro-me ao fato de esta ser fundamentada em uma perspectiva clássica, e de pensar as diversas questões sobre o mundo, em uma perspectiva que não contempla, necessariamente, as discussões científicas, que estão bem mais avançadas. Por exemplo, outro dia, revisei um trabalho da área de filosofia sobre língua e discurso. As discussões eram arcaicas, fundamentadas em referências muito antigas, em filósofos com ideias ultrapassadas, e a própria linguagem era bastante rígida, carregada de construções que não revelam a língua contemporaneamente. A filosofia não é capaz de fundamentar toda a realidade, embora as discussões da filosofia em si sejam válidas em nível universal. Penso que cada área encontra a sua fundamentação na especialização de um conhecimento, em nível de pós-graduação, em uma determinada ciência. Pesquisas em Linguística, na área de Análise Crítica de Discurso, Linguística Textual, Semiótica Social estão bastante avançadas e segmentadas sobre o conhecimento linguístico. E, convenhamos, cada ciência é responsável por uma determinada área de conhecimento, embora seja fundamental, também, falar em inter e multidisciplinaridade. Enfim…
Uma questão importante: não só nas artes e na filosofia, em nível de pós-graduação, a metodologia diverge. Na própria área de saúde e exatas isso acontece. A minha crítica refere-se ao fato de, na pós-graduação, em nível stricto sensu, haver uma perspectiva CIENTÍFICA. E não uma “salada de frutas” com várias formas de conhecimento. Ocorre que, em nível de pós-graduação, algumas áreas que não têm tradição de pesquisa, não se desenvolveram nesse nível, como a administração, o direito, a ciência política. E, em vez de olharem para outras ciências humanas correlatas, para desenvolverem seus próprios métodos, em busca de cientificidade, perdem-se em outras formas de conhecimento.
Quanto à filosofia na pós-graduação, penso ser algo, mesmo em nível de pós-graduação, diferente. Mas esta é uma discussão nova. A questão é: na pós-graduação, em nível stricto sensu, formamos cientistas, e estamos fazendo ciência, e não outra coisa. E isso pode ser pensado mesmo para a esfera artística, não de uma maneira rígida, não é mesmo o que eu quero dizer, também não falo de neutralidade científica, afinal, as ciências também são ideológicas. Mas outras formas de conhecimento, que são legítimas, devem ser tratadas em seus respectivos contextos. Na própria universidade, há espaço para isso por meio de cursos diversos, não apenas com teor científico.
Futuramente, após a sua defesa, se quiser, posso adentrar na revisão crítica de seu trabalho (e podemos negociar um novo valor), se a banca reclamar etc. Se não for o caso, ignore. Não há erro de ortografia ou gramática em seu texto, mas há construções metafóricas, com marcas de subjetividade etc. Alguns orientadores condenam essas questões. “Filosofia não é ciência!”: memórias de um Revisor
Estou à disposição!” “Filosofia não é ciência!”: memórias de um Revisor