Composição de projeto de pesquisa

Composição de projeto de pesquisa

O projeto é, basicamente, um plano escrito do que se deseja investigar e de como será feita essa investigação. Funciona como uma bússola: sem o projeto, corre-se o risco de se perder no caminho, desviando-se do problema que se pretende investigar e dos objetivos a que se pretende chegar.

Etapas de elaboração

Conforme a pesquisador avança em relação à proposição da pesquisa, o projeto inicial pode ser alterado em alguns tópicos, já que os dados podem indicar novos caminhos. A análise também pode trazer novas perspectivas, portanto, podem ser necessárias modificações no tema, na justificativa, nos objetivos e nas questões de pesquisa para adequá-los ao trabalho efetivamente feito.

Composição de projeto de pesquisa

CAPA

FOLHA DE ROSTO

TEMA

JUSTIFICATIVA

OBJETIVOS (GERAL E ESPECÍFICOS)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

HIPÓTESES OU QUESTÕES DE PESQUISA

METODOLOGIA

CRONOGRAMA (SE FOR SOLICITADO)

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

1. CAPA

A capa deve conter o nome da entidade, o título (e o subtítulo, se houver), o nome do aluno, o local e a data.
Obs.: O título não corresponde ao tema, nem à delimitação do tema, mas deve sintetizar o conteúdo da pesquisa, contemplando, de algum modo, os objetivos geral e específicos. Se houver subtítulo, o título será mais abrangente, sendo caracterizado pelo subtítulo.

2. FOLHA DE ROSTO

A folha de rosto contém as mesmas informações da capa, além do seguinte texto: Projeto de Pesquisa apresentado a (especificar). (Apenas uma sugestão).

3. TEMA

O tema mostra o que é investigado e o que se deseja provar ou desenvolver. Normalmente, surge de uma dificuldade de ordem prática ou teórica encontrada pelo pesquisador na leitura de outros trabalhos ou da teoria ou de uma curiosidade. O tema deve ser escolhido de acordo com as aptidões, qualificações e tendências do pesquisador, mas também deve ser de relevância para o programa de pesquisa.

4. JUSTIFICATIVA

A justificativa busca responder: o porquê de se fazer a investigação. Esclarece a dificuldade com a qual se defronta e que se pretende resolver. Engloba o tema e uma ou mais variantes, ou seja, possibilidades de solução. Deve conter, de maneira geral, o estágio em se encontram os estudos que dizem respeito ao tema abordado. Também deve conter as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer, a importância do tema de um ponto de vista geral e, em relação que tange aos casos particulares que serão analisados, a possibilidade de, por meio da pesquisa, sugerir mudanças na realidade abarcada pelo tema ou possíveis soluções para casos gerais e particulares relacionados ao tema.

5. OBJETIVOS

Citar quais são as metas a serem atingidas com a pesquisa. O objetivo geral liga-se a uma visão geral do tema. Responde de modo mais abrangente, com que objetivo se faz a pesquisa. Os objetivos específicos têm um caráter mais concreto, de modo a atingir o objetivo geral e a aplicá-lo a casos particulares. Normalmente é o desdobramento do objetivo geral, para melhor delimitar a pesquisa.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Especifica as teorias e os autores nos quais se pretende basear a pesquisa e que deverão ser usados na análise dos dados. Aqui, valem as regras para citação direta e indireta de acordo com ABNT.

7. HIPÓTESES OU QUESTÕES DE PESQUISA

As hipóteses são suposições que orientam uma investigação por antecipar características prováveis do objeto investigado e que valem, quer pela confirmação dessas características, quer pelo encontro de novos caminhos de investigação. Se o pesquisador escolher usar hipóteses, deve especificar com afirmações quais são as possíveis explicações para o problema.
As questões de pesquisa são, basicamente, as hipóteses feitas de forma interrogativa. São perguntas feitas para direcionar a reflexão, o estudo do tema proposto. Se o pesquisador preferir usar questões de pesquisa, deve especificar quais são as perguntas a que se pretende responder com a pesquisa. Elas devem estar de acordo com os objetivos geral e específicos.
Obs.: Relacionar de preferência duas ou, no máximo, três hipóteses ou três questões de pesquisa.

8. METODOLOGIA

A metodologia serve para esclarecer as técnicas e os métodos que serão utilizados na pesquisa, que tipo de pesquisa será feita, como se fará a investigação, qual é seu objeto (o que ou quem será pesquisado), quais são os instrumentos e auxiliares (com o que e com quem se fará a pesquisa), como será a coleta dos dados (onde ela será feita, quando e em quanto tempo), como se pretende analisar esses dados.

9. CRONOGRAMA

Estipule um prazo para o desenvolvimento de seu projeto, indicando, para cada intervalo de tempo escolhindo, uma tarefa.

10. BIBLIOGRAFIA

A bibliografia é a relação de todas as fontes (livros, periódicos, artigos publicados de forma impressa ou virtual) que já foram ou poderão ser consultadas e citadas como base teórica. A relação bibliográfica deve ser feita conforme as normas da ABNT ou manual da instituição.

11. ANEXOS

Os anexos do projeto são os exemplo(s) de dados (se já houver).

12. ORIENTAÇÕES FINAIS

Repete-se o título do trabalho na primeira folha depois da folha de rosto, centralizado, em maiúscula, tamanho 14 e em negrito. Os subtítulos no corpo do trabalho devem estar à esquerda, em negrito, com a primeira letra maiúscula e as demais minúsculas. O texto referente a cada parte do trabalho deve vir logo abaixo do subtítulo. O corpo do trabalho deve ser em fonte Times New Roman, tamanho 12, com espaço 1/5 entre as linhas e 6 entre os parágrafos.
Fonte: com adaptações. Este texto me foi enviado por e-mail, no período em que me graduava em Letras pela Universidade de Brasília (UnB), por uma Professora que trouxe grandes contribuições à minha formação e que participou de minha banca de mestrado: Dr. Janaína de Aquino Ferraz (da Universidade de Brasília, UnB). Lembro-me de que este “manual” foi muito importante para consolidar os meus “primeiros passos” como pesquisador. Espero que possa ser últil como foi, à época, para mim.
Envie o seu pré-projeto para revisão de aspectos ortográficos e gramaticais e solicite o seu orçamento: servicos@criteriorevisao.com.br ou andersonhander@gmail.com
www.andersonhander.wordpress.com
Instagram: @escrevereviver
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Vende-se ou vendem-se casas?

Vende-se ou vendem-se casas?

O uso mais prestigiado*, a respeito da escrita formal, é “vendem-se casas”. Nesse sentido, “casas” constitui o sujeito (pós-posto) do verbo “vender”.

*Embora eu seja linguista, não trago, neste post, considerações linguísticas sobre esse uso, especialmente porque, linguisticamente falando, “o nativo de uma língua não comete erro”. Nesse sentido, não haveria razão para a melhora de textos, pois a fala contém, também, regras e, logo, “tudo seria aceito”, inclusive na escrita; formal ou não. Se as pessoas não compreendem o básico de normas, quem dirá compreenderão questões linguísticas, científicas. Ainda mais na contemporaneidade, em que tudo é efêmero e fluido.

As explicações linguísticas*, que aceitam construções como “vende-se casas” ou as justificam em nível de fala, tendem à banalização da linguagem escrita formal. E essa diferenciação é bastante necessária, especialmente em um país onde a maioria da população (semianalfabeta) gosta de um mal feito e utiliza esse tipo de discurso para encobrir a sua falta de atenção ou cuidado (malandragem linguísitca), e desprezo pela educação (é um discurso que é contrário a si mesmo).

*Fala é diferente de escrita formal. Há gêneros que aceitam linguagem mais informal; outros não. A formalidade fundamenta-se em TRADIÇÃO, no uso das criticadas gramáticas normativas (e eu concordo que estas não são suficientes para dar conta do estudo da língua, e que muitas normas são infundadas ou constituem interpretações equivocadas de gramáticos, que não pensam a língua (natural ao ser humano, ao uso) com os pilares científicos da linguística. Mas é preciso tomar cuidado com esse discurso contemporâneo que tenta, a todo o custo, aniquilar a tradição).

Não quero dizer que a língua será destruída pelo uso contemporâneo, e que deve, portanto, ser perpetuada, inflexivelmente, nas normas da gramática normativa, mas que a formalidade e a tradição são convenções que devem prevalecer em textos formais (e às vezes podem até ser contrárias à ciência, mas resistem à liquidez que destroi tudo o que é sólido). Se insistirmos nesse discurso, sem contextualizá-lo, trabalhamos contrariamente à própria ciência.

É importante diferenciar o uso de “se” como partícula apassivadora ou como índice de indeterminação do sujeito. E, sim, é preciso estudar gramática normativa para compreender essa questão, quando tratamos de linguagem formal. Quando digo isso, não deslegitimo a linguística como ciência, muito pelo contrário. Ela é válida, e, de fato, o nativo de uma língua não comete erro. Mas os pilares da tradição na sociedade sustentam-se em convenções. Acho possível questioná-los, desconstruí-los. Mas, no caso do Brasil, isto deve ser feito com cuidado, pois nem base a ser desconstruída há.

No caso de índice de indeterminação de sujeito, só seria possível o seu uso com verbo intransitivo ou com verbo transitivo indireto, por exemplo:

Precisa-se de professores (o “se”, nesse caso, constitui índice de indeterminação de sujeito).

Nos outros casos, seria o caso de partícula apassivadora, como:

Vendem-se casas. (O equivalente a: “casas são vendidas.”)

Não faria sentido dizer que alguém vende alguma casa, nesse caso, pois o foco não está na pessoa que detém a posse da casa (imagine um anúncio, na porta de uma casa a ser vendida, com os seguintes dizeres):

Joana vende a casa dela. (Quem é Joana na fila do pão?)

João vende a casa dele. (Quem é João?)

Anderson vende esta casa. (Quem é Anderson?)

Não faria sentido dizer ou escrever, informal ou formalmente, também, que a casa é vendida por alguém:

Antônio vende a casa (de Joana).

Joana vende a casa (de Antônio).

Logo, utiliza-se a forma passiva (o próprio nome diz) para omitir quem, de fato, vende, ou melhor, para enfatizar a venda e a casa, e não quem a vende em si. A partícula apassivadora e índice de indeterminação do sujeito têm função de indeterminar o agente. Se a intenção fosse outra, este seria marcado na sua formal natural (e a oração poderia ser construída de outra maneira).

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