Com toda a certeza, se tiverem de ficar apenas em um local, escolham Bayahibe. Fiquei em três resorts em Punta Cana, mas as praias não são tão bonitas como em Bayhibe, onde há, de fato, praias caribenhas. Além disso, Bayahibe localiza-se perto da Ilha Saona. A praia do resort onde fiquei, em bayahibe, Cataloia Dominicus Lá Romana, é incrível e tão bonita quanto a praia da Ilha Saona. Inclusive, para os que buscam o mar do caribe de verdade, a Ilha Saona não é a única opção, pois algumas praias de Bayahibe, como as desse hotel que mencionei, são como as praias dessa ilha. A diferença deve ser de apenas uma tonalidade de verde claro, no máximo.
Eu daria a seguinte dica para quem quiser aproveitar mais da República Dominicana: conheçam Punta Cana e Bayahibe. Por que conhecer apenas um local? E o melhor, por que conhecer apenas um resort se vocês podem ficar em três ou quatro (fiquem, por exemplo, 3 dias em dois resorts diferentes)? Assim, se não gostarem de algo específico em algum hotel, serão recompensado em outro, como foi o meu caso, em relação à comida do lindo resort Sirenis, em Uvero Alto, Punta Cana. O hotel era LINDO, mas a comida era péssima, como comida de bandejão. O hotel, no entanto, possuía um parque aquático muito divertido, recomendo-o a todos. Se eu tivesse de escolher entre esse hotel e algum outro que oferecesse comida melhor, escolheria outro hotel, mas não poderia desfrutar do parque aquático, vocês compreendem?
Estejam atentos em relação ao deslocamento entre Punta Cana e Bayhibe. O valor mínimo que vocês chegarão a pagar é 85 dólares, pois a distância entre os dois locais é de cerca de 1 hora. Vocês poderão, no entanto, pegar um ônibus e pagar menos de 2 dólares e aproveitar o passeio em uma perspectiva mais “local”. Não sei se foi sorte minha, mas não achei a cidade “perigosa”. Fiz o trajeto Punta Cana – Bayahibe de ônibus. Os ônibus, para as cidades vizinhas, passam na porta dos hotéis, pois muitas pessoas que trabalham nesses resorts moram nessas cidades. Na verdade, as pessoas (moradores locais) foram muito atenciosas comigo quando decidi sair de Punta Cana rumo a Bayahibe. Obviamente, os funcionários e taxistas do hotel não gostaram muito da ideia. Um taxista ficou ao meu lado, enquanto eu aguardava o ônibus para Ygues (para de lá ir para Bayahibe), perguntando o porquê de eu decidir ir de ônibus e não de táxi. Então, eu disse a ele que eu sou professor, o que me motivou, socialmente, a conhecer a cidade por outros ângulos e a economizar.
Prescrição versus descrição: a gramática e a linguística
É muito curioso ouvir as pessoas falarem de Língua Portuguesa sem ao menos ter uma visão crítica sobre o assunto. O que também me chama atenção é ouvir o falante de português do Brasil dizer que não saber falar a sua própria língua. Por trás desse discurso, há uma complexa relação com a convenção gramatical, desvalorização da linguística, ou falta de informação sobre essa ciência, banalização da educação brasileira e também o fato de não haver no Brasil, ao meu ver, uma identidade nacional consolidada, ao ponto de os brasileiros afirmarem que não sabem a própria língua, o que justifica o fato de os portugueses terem dito que nós deturpamos a língua de Camões.
Compreender o que é língua envolve análise histórica sobre os estudos linguísticos. Essa reflexão, que é ignorada na escola, é importante para a compreensão sobre a separação entre a gramática e a linguística ao longo dos séculos. Ao se estudar a história da linguística/gramática, pode-se perceber que, antes de a linguística se consolidar como ciência, havia uma interpretação de que existiam línguas inferiores e superiores por parte de alguns gramáticos, essa definição era explícita em vários manuais gramaticais.
Assim como várias áreas, o conhecimento acerca da área da linguagem, ao longo da história do pensamento humano, produziu falácias, preconceitos e interpretações equivocadas. É interessante notar, porém, que não havia uma distinção entre gramática e linguística no período anterior ao surgimento da linguística como ciência. Essa distinção foi acentuada nas últimas décadas, especialmente, por meio da crítica de muitos linguistas aos gramáticos. O problema aumenta em relação ao conceito de erro e de norma. O que é erro? O que é norma? O primeiro não é termo que me parece adequado para falar de língua, especialmente se esta é compreendida em virtude de uma cultura. O segundo também é perigoso, uma vez que existem várias “normas”, mas muitos pensam que existe, apenas, a norma padrão, e ainda confundem norma padrão com normal culta rsrs (diferença entre norma padrão e norma culta). Muitos pensam que só existem normas e regras na linguagem formal. Ora, a fala também segue uma regularidade. Afinal, ninguém estabelece diálogo por meio de um arranjo caótico e aleatório de estruturas linguísticas. Ou seja, existem várias normas e elas dependem do contexto de uso do falante ou do gênero textual.
A gramática possui caráter prescritivo, ou seja, tende à subjetividade de seu analista, o que significa dizer que ela descreve a língua (de uma maneira não muito científica e às vezes questionável) e faz julgamento de valor a respeito dos seus falantes. A problemática disso refere-se ao fato de a gramática perder a sua objetividade (se é que esse termo deve ser empregado aqui) ao manchá-la com o achismo (no sentido de afastamento da racionalidade e da reflexão) de seus cegos seguidores que ignoram a crítica de ciências, como a antropologia, que não estão em busca de generalizações para os padrões culturais antropicos, muito pelo contrário, tendem à alteridade. É nesse momento que o falante de português do Brasil inicia o seu célebre discurso ao negar que ele mesmo não sabe falar português, ao dizer que a sua língua é muito difícil, ou ao dizer que a “ralé”, a “favela” não sabem falar português.
Eu só me pergunto o seguinte: difícil em relação a…? Ese a dita “ralé” ou “favela” não fala Português, ela fala que língua? O problema é que a escola manutencionou, durante anos, esse ensino prescritivo sobre a Língua Portuguesa. O que talvez os gramáticos e todos aqueles indivíduos que carecem de um pensamento crítico não saibam é que quem faz a fala de uma língua é o seu falante, e quem valida essa fala é o grupo de falantes que possuem características culturais comuns, inclusive, porque não há língua sem interação social.
Esse assunto é delicado, especialmente por tratar de uma questão que, para muitos, não está explícita: relações de poder. Se muitos professores, gramáticos e outros insistem em dizer que a gramática deve ser sobreposta à fala, obviamente, o que eles conseguem evidenciar, uma vez que todos falam, é um grande abismo socioeconômico que separa o indivíduo não escolarizado que fala (uma considerada língua inferior) do falante escolarizado que fala (uma língua superior), embora haja um grande distanciamento, em todos os casos, da norma gramatical tradicional, a chamada norma padrão. O mesmo ocorre em relação aos falantes de regiões geográficas menos prestigiadas economicamente no Brasil, como é o caso do nordeste com o ridicularizado falar nordestino. Nesse caso, porém, o estigma recai sobre ricos e pobres. Imagine a seguinte situação: um estudioso viaja para uma tribo indígena para descrever os aspectos culturais desses povos. Ao chegar lá, ele observa que é comum, nessa cultura, as pessoas comerem baratas. O pesquisador, ao contrário, não come baratas e, ao se deparar com tal situação, escreve em seu diário de campo, em nome dos bons costumes e da moral, que a cultura em estudo é “suja e primitiva”. É nesse momento que surge a noção de ERRO. O Que o pesquisador fez, no entanto, foi evidenciar o seu achismo em sua pesquisa: PRESCREVER. Isso é o que ocorre com a análise PRESCRITIVA de muitos GRAMÁTICOS.
Os linguistas, por sua vez, orgulhosos pelo caráter científico que o seu estudo lhes é dado, consideram a gramática tradicional um modelo falho de estudo, incapaz de descrever precisamente a Língua Portuguesa. Para eles, o nativo de uma língua não comete erro. A noção de erro poderia ser aplicada a um estrangeiro em processo de aprendizagem de uma língua estrangeira/segunda língua. Mas não ao nativo de uma língua que FALA essa língua. De acordo com uma corrente linguística chamada: gerativa, o nativo de uma língua possui uma espécie de “gramática” interna, em sua estrutura cognitiva, responsável pelas regras de sua língua falada. É o que eles costumam chamar de: GRAMÁTICA UNIVERSAL (GU). A gramática Universal corresponde à capacidade inata de um falante de qualquer língua falar. Isso explica a competência de um falante para falar qualquer língua ao nascer, em qualquer cultura e também a capacidade de formulação de estruturas diversas em uma língua, ou seja, a criatividade linguística.
Como linguista, embora eu seja revisor de texto e trabalhe com a norma padrão (mas não só com ela), considero que a gramática normativa não consegue explicar a diversidade e real complexidade dos processos de estruturação da Língua Portuguesa. No entanto, acredito que o ensino de gramática normativa é fundamental em nossa sociedade, mas não da maneira pela qual é ensinada: por exemplo ensinar nomenclatura de função sintática). Apesar de a língua ser heterogênea, reflexo de suas variantes, em cada uma das regiões em que se fala o Português do Brasil, é importante que haja uma padronização de sua estrutura, em alguns aspectos da comunicação, especificamente, em relação à linguagem escrita FORMAL. Por outro lado, linguagem falada não equivale à linguagem escrita formal. A escrita formal deve ser baseada na gramática, e ainda assim isso é questionável, pois existem, eu diria, níveis de formalidade, mas nenhum deles tende à plenitude objetiva da desejada norma padrão (quase irrealizável nesse sentido, inclusive porque refere-se a uma concepção absoluta).
A fala e alguns gêneros textuais informais seguem outras normas. Embora a gramática ainda seja muito valorizada, a língua não serve apenas aos poetas e estudiosos. Ela também é utilizada por outras camadas sociais, inclusive as desprestigiadas, por aqueles que não são escolarizados, por exemplo, e se afastam da norma idealizada. E é nesse momento que as aplicações da gramática tradicional tornam-se perigosas. Os gramáticos e muitos professores desinformados exigem que o falante não escolarizado fale conforme a norma padrão. Eles partem da análise prescritiva. Ou seja, eles querem impor a normal gramatical à língua falada de um grupo que muitas vezes nem foi a uma sala de aula, o que é muito perverso.
Você não deve pensar, no entanto, que a gramática é a grande vilã dos não escolarizados, porque ela não é. Se um grupo social não teve acesso à escola e a sua fala é marcada por traços de pessoas não escolarizados, pertencentes a um grupo social específico, falantes talvez pobres; a questão não é meramente estrutural, linguística, porque esse é um problema socioeconômico. E esse grupo deveria aprender a gramática, especialmente porque é por meio dela que ele poderá ascender socialmente. Eu quero dizer que a gramática tradicional é muito valorizada em nossa sociedade. Ela ainda é utilizada em concursos e vestibulares, por exemplo. Em relação à língua falada formal (tão idealizada: pais corrigindo os falares de seus filhos, professores corrigindo a fala de seus alunos), eu diria que é praticamente impossível existir um falante que fale em sincronia com as normas da gramática tradicional. Nem mesmo o indivíduo mais bem escolarizado ou pedante conseguirá ocultar o caráter subjetivo existente em uma língua e ser completamente objetivo e formal.
Quando eu estagiei no Supremo Tribunal Federal – Seção de Padronização e revisão de textos, eu pensei, assim que fui selecionado para a vaga de estagiário revisor, que haveria uma formalidade extrema em relação às práticas sociais e linguísticas nesse local. No entanto, isso não ocorreu. Havia uma formalidade no local e na fala das pessoas ali presentes, mas a subjetividade era inerente a cada uma daquelas pessoas, independente de qualquer cargo jurídico: seres humanos. Eu me lembro de que eu enviei um e-mail para a minha chefe e encerrei o fechamento deste com os dizeres: “Respeitosamente, Anderson Hander”. A minha chefe respondeu esse e-mail com o seguinte fechamento: “Beijos! Fulana de tal”. E não foi apenas ela quem me respondeu e-mails dessa maneira, todos os servidores que eu conhecia respondiam os meus e-mails da mesma maneira. O que me fez pensar que eles queriam tornar aquele ambiente de trabalho um local cordial e acolhedor. Eu pensei que talvez os Ministros estivessem próximos dessa formalidade linguística citada anteriormente, mas eu também me enganei. Eu li, várias vezes, vários acórdãos dos Ministros do STF e essas decisões eram feitas oralmente, porém, um escrivão transcrevia os acordos para o papel, posteriormente, eles eram publicados em uma revista: Revista Trimestral de Jurisprudência. Eu notei, lendo esses acordos, em relação ao purismo gramatical divulgado por ai, que eles eram hibridos, ou seja, o texto não era completamente formal, havia marcas de informalidade em relação à transcrição da oralidade dos ministros.
To provide the best experiences, we use technologies like cookies to store and/or access device information. Consenting to these technologies will allow us to process data such as browsing behavior or unique IDs on this site. Not consenting or withdrawing consent, may adversely affect certain features and functions.
Functional
Sempre ativo
The technical storage or access is strictly necessary for the legitimate purpose of enabling the use of a specific service explicitly requested by the subscriber or user, or for the sole purpose of carrying out the transmission of a communication over an electronic communications network.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Statistics
The technical storage or access that is used exclusively for statistical purposes.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
The technical storage or access is required to create user profiles to send advertising, or to track the user on a website or across several websites for similar marketing purposes.