Estou desenvolvendo e-book sobre linguagem de textos acadêmicos. Por acaso, fazendo algumas pesquisas, encontrei o texto a seguir na internet, que compartilho com vocês neste post.
O material foi encontrado por meio de consulta ao banco de dados do site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Vale a pena a leitura!
ALGUNS PROBLEMAS FORMAIS NA REDAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS
Para redigir é preciso: 1) ter algo a dizer; 2) ao escrever, submeter os pensamentos a ordem que faça sentido. Em termos gerais, os aspectos a considerar seriam:
1. há certas ideias ou fatos que se quer comunicar;
2. tais ideias deverão ser plasmadas em palavras e expressões;
3. as palavras e expressões deverão ser englobadas em frases e parágrafos gramaticalmente adequados e claros;
4. palavras, frases e parágrafos devem fluir de um/a para o/a outro/a, espelhando, em sua ordem de aparecimento no texto, um pensamento ordenado […]
Os defeitos de redação podem aparecer em qualquer dos pontos acima. O redator pode não ter claro o que pretende comunicar ou, ainda, pode não ter nada a dizer. Nesse último caso, naturalmente, não deveria redigir coisa alguma […].
A transição de um parágrafo ao seguinte talvez seja abrupta ou pouco lógica, ou a ordem de apresentação dos dados e argumentos quiçá não seja a melhor.
As frases e parágrafos podem violar as regras gramaticais estabelecidas − que não cabe a ninguém inventar enquanto escreve − ou ser pouco claras, seja por essa mesma, seja por outra razão.
A transição de um parágrafo ao seguinte talvez seja abrupta ou pouco lógica, ou a ordem de apresentação dos dados e argumentos quiçá não seja a melhor.
O ordenamento desejável pode ser obtido mediante a confecção de um plano antes de começar a redigir: um plano assim segue algumas regras gerais que não são de aprendizagem muito difícil. Por fim, a redação possivelmente não se adéque ao tipo de público a que se destina, por estar plasmada.
Ache e elimine as palavras inúteis.
Por exemplo, num registro coloquial da língua ao se tratar de um texto que deveria usar o registro erudito, formal, do mesmo idioma. Nada impede o redator de esforçar-se no sentido de uma adequação do registro de seu texto ao público específico a que se dirige.
Resolver equações e redigir textos são coisas que funcionam segundo regras bem diferentes em cada caso. Em especial, a redação só tem normas flexíveis, todas elas conhecedoras, em alguns casos, de exceções legítimas.[…]
Um dos conselhos mais úteis − talvez o mais útil de todos − que se podem dar a quem procura treinar uma boa redação é o seguinte: ache e elimine as palavras inúteis.
Quase sempre, a releitura atenta de um texto permite encontrar palavras ociosas, com muita frequência adjetivos ou frases limitativas, detalhes inúteis ou excessivos […]. Em todos esses casos, riscar o que sobra é uma excelente ideia.
Prefira o termo concreto ao abstrato.
Outros conselhos são os seguintes, sempre como regras gerais, pois todos admitem exceções:
1) prefira palavras curtas, simples e familiares; evite palavras longas e jargão;
2) prefira o termo concreto ao abstrato;
3) prefira o ativo ao passivo;
4) prefira a palavra única a uma locução equivalente composta de várias palavras;
5) prefira o vocabulário português consagrado a neologismos, anglicismos, galicismos,
etc., bem como o vocabulário erudito ao coloquial ou chulo.
A expressão “na eventualidade de” pode, quase sempre, ser substituída com proveito por um simples “se” ou “caso”. Aquela locução é indireta, “eventualidade” é termo longo, “se” é muito mais inteligível de forma imediata, por ser termo usual e familiar da língua.
Em português existe, na atualidade, o péssimo hábito de preferir o abstrato ao concreto. Assim, em lugar de “busca do lucro”, fala-se em “busca da lucratividade”, o que, além de pomposo, é jargão e anglicismo.
Aliás, os anglicismos vicejam como erva daninha. Um dos mais praticados hoje, originado num ambiente de economistas, é a expressão “demanda por” (do inglês demand for), em lugar do correto “demanda (ou procura) de”.
Há, também, certa tendência a preferir o passivo ao ativo, como em “não fui comunicado”, expressão absurda gramaticalmente que se usa em vez de “não se me comunicou”, “não me comunicaram tal coisa”, ou, num passivo correto, “isto não me foi comunicado”.
O passivo poderá preferir-se quando se desejar que a ênfase recaia numa ação genérica, sem sujeito definido, como em “alugam-se quartos” (com o sentido de “quartos são alugados”, não se querendo dizer por quem).
Prefira quase sempre a ordem natural das palavras na frase (sujeito, predicado, complemento), evitando as inversões causadoras de ambiguidade.
Para a construção de frases e parágrafos, os conselhos principais podem ser os seguintes:
1) Cada parágrafo deve conter uma única afirmação ou noção central, situada na cláusula gramaticalmente principal do parágrafo; se ele contiver duas ou mais afirmações ou ideias importantes, divida-o em dois ou mais parágrafos.
2) Prefira quase sempre a ordem natural das palavras na frase (sujeito, predicado, complemento), evitando as inversões causadoras de ambiguidade.
[…]
4) As primeiras e as últimas palavras de um parágrafo atraem mais a atenção do que as demais: assim, o que se quer enfatizar no parágrafo deve vir no início ou no final, e não no meio dele.
5) Quase sempre é preferível a forma mais breve à mais longa de armar frases e parágrafos; entretanto, a busca da brevidade não deve prejudicar a clareza. Como se pode ver, muitas das regras se referem à eliminação da ambiguidade.
Os pronomes substitutivos e o “que” podem facilmente causar ambiguidade.
Por exemplo, uma frase como “Os alunos devem apresentar-se no terreno de ginástica
só de tênis” é ambígua devido a uma construção ruim, que pode dar a entender que tais alunos devam aparecer nus (“só de tênis”). […]
Os pronomes substitutivos e o “que” podem facilmente causar ambiguidade. Por exemplo: “Eu vi os anúncios dos tênis Nike, de que não gostei”. Ou ainda: “Eu vi os anúncios dos tênis Nike, mas não gostei deles”. Em ambos os casos: a pessoa não gostou dos anúncios, ou dos tênis?
O mesmo quanto a cláusulas do seguinte tipo: “Eu vi Ana sentada numa pedra com o tornozelo torcido” pode parecer involuntariamente cômico, ao sugerir uma pedra cujo tornozelo esteja torcido. […]
Se tratarmos agora do uso dos elementos gramaticais de conexão, os principais são:
1) partículas de conexão, como “e”, “mas”, “embora”, etc.;
2) advérbios e locuções de sentido adverbial, como “evidentemente”, “por exemplo”, “já que é assim”, “como veremos”, etc.;
3) pronomes e artigos (por exemplo, quando uma frase começa com “Ele” ou com “O homem em questão”, por exemplo, uma conexão está sendo estabelecida necessariamente com algo dito antes);
A conexão (eventualmente também separação ou oposição) entre partes integrantes do discurso depende dos elementos acima e do bom uso da pontuação.
Quanto aos elementos gramaticais de conexão, é preciso, primeiramente, aprender o que cada um deles de fato quer dizer, as gradações semânticas e lógicas que impliquem seu emprego.
Quando se ouve ou lê “Soou um tiro. A ave caiu”, quem ouvir ou ler inferirá sem dificuldade, por si mesmo a, que a ave caiu porque foi atingida pelo tiro […].
Se, por um lado, é verdade que um texto acadêmico não planejado tende a ser mal organizado e pouco lógico em suas articulações, bem como na ordem de apresentação dos dados e argumentos, também é verdade que, enquanto se redige, novas possibilidades costumam apresentar-se.
A releitura do texto produzido, para correção e polimento, é essencial.
Extraído de: CARDOSO, C. F. Metodologia da pesquisa. Minicurso do Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade – out.- nov. 2004.
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