Análise de Discurso Crítica

Análise de Discurso Crítica

Análise de Discurso Crítica (ADC) é uma área de estudo Interdisciplinar. Por essa razão, ela pode ser utilizada com outros suportes teóricos; não está finalizada em si mesmo. Fairclough, inclusive, utiliza vários autores de áreas diferentes para fundamentar a sua teoria, entre eles: Foucault (2004), Giddens (1991), e Halliday (2004) em relação aos critérios de análise gramatical.

Fairclough (2003) não aponta um método pronto para analisar determinados textos. Tampouco considera o texto o “ponto final” de sua análise. Nessa perspectiva, ele considera o contexto social relevante nas análises, bem como as práticas sociais. O texto é, assim, considerado como o que é empírico para a ADC, perpassa práticas sociais e discursivas.

As análises que proponho neste estudo justificam-se em relação à eleição desde o gênero textual decreto até o contexto social em que o texto insere-se, considerando-se as funções da linguagem: ideacional, interpessoal e identitária, que se referem respectivamente: ao modo de representação da realidade, ao sistema de conhecimento e de crença; à maneira pela qual as relações entre os atores sociais são negociações e, por fim, aos modos pelos quais as identidades dos atores sociais são estabelecidas no discurso (FAIRCLOUGH, 2001, p. 92). Dessa maneira, a ADC refere-se a modos de ser, agir e interagir na sociedade, o que contribui para a construção das identidades dos sujeitos sociais a partir de processos de interação:

 Primeiro, implica ser o discurso um modo de ação, uma forma em que as pessoas podem agir sobre o mundo e especialmente sobre os outros, como também um modo de representação. Trata-se de uma visão do uso de linguagem que se tornou familiar, embora frequentemente em termos individualistas, pela Filosofia linguística e pela Pragmatica linguística (Levinson, 1983). Segundo, implica uma relação dialética entre o discurso e a estrutura social, existindo mais geralmente tal relação entre a prática social e a estrutura social; a última é tanto uma condição como um efeito da primeira. Por outro lado, o discurso é moldado e restringido pela estrutura social no sentido mais amplo e em todos os níveis: pela classe e por outras relações sociais, em um nível societário pelas relações específicas em instituições particulares […]

 Compreendo, nessa perspectiva, o discurso a partir de momentos de prática social: eventos sociais estão envoltos em práticas sociais que, por sua vez, situam-se em uma estrutura social. Os momentos de prática, os eventos sociais em si, são conectados em uma rede de interações que perpassam níveis regionais, nacionais e globais. Nesses eventos há relação dialética entre o poder e o discurso. O discurso, por meio de seu elemento empírico, concreto, o texto, materializa essas relações, e é a partir dessa materialização que é possível refletir sobre a ideologia dos vários discursos em determinado tempo e espaço.

Compartilho nesta dissertação a compreensão de que a língua é um sistema para construção de significados. Nesse sentido, as funções da linguagem articulam-se a um conjunto de relações discursivas e sociointeracionais construídas, em que ocorre processo linguístico. Isso significa que os processos interacionais e discursivos no Metrô-DF para (des)construção de cidadania(s) perpassam essas funções da linguagem. Ou seja, por meio delas, é possível localizar, linguisticamente, como as cidadanias dos usuários (des)constroem-se. Concernente à função ideacional, é possível acionar o modo pelo qual o Decreto 26.516, em sua transposição para placas e imagens, significa o conceito de cidadania. No âmbito interpessoal, as garantias das cidadanias são negociadas (ou não), uma vez que as interações face a face neste âmbito institucional permitem o exercício (ou não) da cidadania. Por fim, a função identitária permite acionar o significado relativo ao modo pelo qual as identidades dos usuários, bem como da própria instituição Metrô-DF são estabelecidas no discurso.

Trago a esta investigação várias análises, mas, ela assenta-se, sobretudo, na ADC, nos critérios propostos por Fairclough (2003) e Halliday (2004). Entre eles: intertextualidade, pressuposições, suposição moral, elementos universais e particulares, e seleção lexical.

A intertextualidade refere-se a elementos que reforçam argumentos em determinado texto e a conhecimentos já concebidos ou dados. Pressuposições são os elementos tomados pelo produtor do texto como já estabelecidos ou dados. Trata-se de elementos implícitos decorrentes necessariamente do sentido acionado por marcadores linguísticos: verbos, artigos etc. Constituem aspectos do potencial ideológico por meio da intertextualidade. Elementos universais e particulares referem-se ao polo que tende a generalizações ou especificações. Na contemporaneidade, esses elementos são importantes de serem analisados, pois se justificam pela representação de particulares em relação a universais. O olhar sobre a seleção lexical permite compreender porque alguns itens, e não outros, são selecionados pelos interagentes, o que permite a compreensão de discurso longe de contemplar alguma neutralidade.

Os aspectos analíticos operacionalizados pela ADC são ferramentas metodológicas utilizadas para o mapeamento dos significados sociais no texto. A partir dos conceitos de significados discursivos, a ADC pode formular critérios capazes de investigar questões sociais por meio de elementos linguísticos. Assim, a ADC entende que existe uma relação mais ou menos estável entre determinadas estruturas linguísticas e determinados traços linguísticos.

Assim, Acosta (2012, p. 82) afirma que

 […] os significados do discurso são  internalizados, de maneira mais ou menos estável, por traços linguísticos  determinados. É com base nessa relativa regularidade que são formuladas as categorias discursivas que são agrupadas em termos dos significados discursivos.

 Dessa forma, a compreensão funcional da linguagem e dos significados discursivos levaram o enfoque da ADC passar da “linguagem” para o “discurso”, ou seja, a língua em função das práticas sociais.

Fairclough (2003), com base em Halliday, propõe três significados do discurso com base em três macrofunções: ideacional, interpessoal e textual. Para Acosta (2012, p. 79), os significados do discurso são: “significado acional (enfoque do texto como ação e interação social), significado representacional (enfoque do texto como representação) e significado identificacional (enfoque do texto como forma de construção identitária)”.

Trecho de dissertação de mestrado de Anderson Hander.

Para citar: Xavier, Anderson Hander Brito. Viajar e punir: processos interacionais e discursivos para (des)construção de cidadania(s) na Companhia do Metropolitano do Distrito Federal. Dissertação. Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas. Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

Capítulo 3: Metodologia sobre trilhos: o percurso científico

 3.7 Critérios analíticos da ADC

Link para download e consulta de referências: https://criteriorevisao.com.br/processos-interacionais-e-discursivos/

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#Análise de Discurso Crítica

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