Filosofia de pesquisa e paradigma de pesquisa

Diferença entre filosofia de pesquisa e paradigma de pesquisa

A filosofia da pesquisa e o paradigma de pesquisa referem-se à natureza do conhecimento que você procura ou espera obter ao realizar seu estudo, em outras palavras, sua filosofia reflete que tipo de conhecimento e discernimento você acredita poder obter realisticamente ao realizar sua pesquisa. Por exemplo, você pode esperar encontrar uma resposta realmente concreta para sua pergunta (ou problema) de pesquisa, ou pode antecipar que as coisas serão um pouco mais novas e difíceis de calcular e medir. Em outras palavras, é sobre se você espera respostas “definitivas e diretas” ou respostas mais “suaves e opacas”.

Qual é a diferença entre filosofia de pesquisa e paradigma de pesquisa, então? As respostas são variáveis. Diferentes livros didáticos apresentarão diferentes definições, alguns dirão que a filosofia se trata do pesquisador em si, enquanto o paradigma trata da abordagem ao estudo, outros usarão os dois termos de forma intercambiável, e outros dirão que a filosofia da pesquisa constitui a categoria de nível superior e os paradigmas, as combinações pré-embaladas de suposições e expectativas filosóficas.

Como qualquer coisa relacionada à pesquisa, há muitas abordagens diferentes, cada uma com sua própria perspectiva sobre a natureza da realidade e o que pode ser mensurado em termos de conhecimento. Para resumir, apresento, neste texto, o positivismo, o interpretativismo e o pragmatismo.

Positivismo, Interpretativismo e Pragmatismo

Considero o positivismo, interpretativismo e pragmatismo os três grandes paradigmas de pesquisa. Compreendê-los é um sólido ponto de partida e, na maioria dos casos, senão em todos, para pensar a pesquisa científica.

Positivismo

Assenta-se na concepção de que o conhecimento pode ser obtido por meio de observações e medições objetivas. Em outras palavras, o positivismo assume que as respostas podem ser encontradas por meio da medição cuidadosa e da análise de dados, particularmente dados numéricos.

Como paradigma de pesquisa, o positivismo normalmente se manifesta em metodologias que utilizam dados quantitativos e, muitas vezes, adotam designs de pesquisa experimentais ou quase-experimentais. O foco geralmente está em investigar relações causais e alcançar objetividade, generalização e replicabilidade dos resultados.

Por exemplo, imagine que você deseja investigar a relação entre um determinado suplemento dietético e a perda de peso. Nesse caso, você poderia projetar um ensaio clínico randomizado, em que os participantes são divididos em um grupo de controle e um grupo de intervenção. Você mediria o peso de cada participante antes e depois do estudo e usaria várias análises quantitativas para avaliar se há uma diferença estatisticamente significativa na perda de peso entre os dois grupos.

Interpretativismo

Por outro lado, o interpretativismo assume que a realidade é socialmente construída, ou seja, é subjetiva e construída pelo observador por meio de sua experiência. Como paradigma de pesquisa, o interpretativismo geralmente é adotado em estudos que buscam entender os significados e interpretações que as pessoas atribuem às suas experiências.

Esses estudos costumam adotar metodologias qualitativas, como entrevistas, observações e análise textual. Eles exploram fenômenos sociais complexos e perspectivas individuais, que naturalmente são mais subjetivas e matizadas.

o interpretativismo se situaria mais ou menos no extremo oposto do positivismo. Basicamente, o paradigma interpretativismo assume a posição de que a realidade é construída socialmente, em outras palavras, que a realidade é subjetiva e é construída pelo observador por meio de sua experiência em relação a ela, em oposição a ser independente do observador, que é o que o positivismo assume. O paradigma interpretativo é geralmente adotado em estudos nos quais os objetivos da pesquisa envolvem tentar entender os significados e interpretações que as pessoas atribuem às suas experiências. Como resultado, esses estudos, geralmente, adotam uma metodologia mais qualitativa, confiando em métodos de coleta de dados, como entrevistas, observações e análise textual. Esses tipos de estudos geralmente exploram fenômenos sociais complexos e perspectivas individuais, que naturalmente são mais subjetivas e matizadas.

Por exemplo, se você estiver interessado em entender as experiências de indivíduos que sofrem de dor crônica, poderia conduzir entrevistas detalhadas com um grupo de participantes, fazendo perguntas abertas sobre sua dor, suas estratégias de enfrentamento e sua experiência geral de viver com dor. Você transcreveria essas entrevistas e analisaria os textos, talvez usando análise temática, para identificar temas e padrões recorrentes nas respostas.

Pragmatismo

O pragmatismo, como o nome sugere, adota uma abordagem mais prática e flexível, focando na utilidade e aplicabilidade das descobertas da pesquisa em vez de adotar uma posição filosófica mais concreta. Isso permite ao pesquisador explorar objetivos de pesquisa que cruzam fronteiras filosóficas, utilizando diferentes perspectivas e aspectos do estudo.

Em termos de metodologia, o pragmatismo pode envolver uma abordagem de métodos mistos, combinando dados quantitativos e qualitativos, dependendo das perguntas de pesquisa e do contexto do estudo. O pesquisador pragmático adota uma mentalidade de solução de problemas, buscando maneiras práticas de alcançar diversos objetivos de pesquisa.

Por exemplo, suponha que você queira investigar o desempenho de um novo método de ensino em termos de melhoria do engajamento dos alunos e dos resultados de aprendizagem. Nesse caso, você poderia adotar uma abordagem de métodos mistos, utilizando tanto dados quantitativos, como resultados de testes padronizados, quanto dados qualitativos, como entrevistas com os alunos. Isso permitiria uma compreensão abrangente do impacto do método de ensino, indo além das métricas puramente quantitativas.

Como escolher o paradigma de pesquisa?

A escolha do paradigma de pesquisa pode parecer um tanto complexa, mas deve-se revelar com base no seu olhar de pesquisador como cientista (em sua área), combinado com a natureza dos objetivos e questionamentos da pesquisa.

Você precisa tomar consciência dos paradigmas que estão vinculados ao seu programa de pós-graduação, às pesquisas de seu orientador e de cada tronco de sua ciência. E, por outro lado, ter uma visão geral sobre o que é ciência e os diversos paradigmas científicos utilizados em pesquisa. Em vez de você pensar nessa escolha, faz mais sentido orientá-la conforme o que você observa ou (des)constroi ao longo da pesquisa, dependendo do planejamento metodológico desta, considerando-se, obviamente, mas não se limitando, os paradigmas de sua própria área, de seu orientador e programa de pós-graduação.

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O Revisor como mediador de textos

O trabalho de um Revisor de Textos é desafiador, sobretudo quando se considera o vasto conjunto de interações que permeiam o exercício dessa profissão. Essas interações constituem diferentes configurações, dependendo da complexidade dos projetos em que o Revisor se envolve e do número de elementos envolvidos. Nesse sentido, em relação à produção textual (do outro), o Revisor está em busca de seu espaço, desenvolvendo estratégias de trabalho, estabelecendo prioridades em face das variáveis ​​do processo e interagindo com os demais colaboradores, seja de maneira direta ou indireta, conforme as ferramentas empregadas, os gêneros textuais em questão e as questões linguísticas a respeito de determinadas circunstâncias.

Nesse sentido, pode-se pensar essa interação em várias perspectivas conforme a), b), c), d) e e):

a) o Revisor e o(s) texto(s) (original, tradução, revisão); b) o Revisor e as ferramentas de trabalho, que abrangem diversas categorias, incluindo i) instrumentos de normalização linguística; ii) materiais de referência fornecidos pelos clientes; iii) ferramentas de tradução assistida por computador e de apoio à revisão; c) o revisor e o cliente intermediário (agência de tradução); d) o revisor e o tradutor; e) o revisor e o cliente final.

Essa complexidade estrutural, intrínseca ao campo da revisão, espelha uma relação de dependência mútua, ainda que frequentemente assimétrica, entre os diversos elementos mencionados, uma vez que nem todos os colaboradores do processo detêm o mesmo poder de decisão.

Os aspectos previamente delineados podem ser associados à natureza dialógica inerente a qualquer produção textual. Nesse sentido, todo vocábulo tem duas facetas, moldadas por ambos os envolvidos na interação. Ela representa o resultado da interação em si. Isso é especialmente relevante no contexto da Revisão, em que há uma constante interação entre clientes, revisores. No caso de textos acadêmicos, por exemplo, ressalto o papel dos orientadores e da banca examinadora (os que “batem o materlo final em relação ao texto”), embora estes não interajam diretamente com o Revisor, já que este não é autor (o pesquisador em si). O Revisor desempenha o papel de “ouvinte” ao interpretar as instruções fornecidas e, simultaneamente, é um intermediador nesse processo, contribuindo para a criação de novos textos em sua língua materna. Durante essa interação, o Revisor deve considerar as intenções dos clientes, mesmo quando as informações sobre o público-alvo final são limitadas.

Por fim, vale ressaltar um elemento que permeia todas as fases do processo de Revisão, independentemente do padrão em questão: a linguagem inerente ao próprio Revisor. Os mecanismos de pensamento individuais do Revisor influenciam suas práticas de Revisão e suas intervenções no texto. Ao realizar modificações, o revisor age sobre o texto, mas também age por meio da linguagem, uma dimensão praxiológica. Com base em seus conhecimentos e competências, a voz da consciência do Revisor atua como mediadora, buscando equilibrar, por exemplo, as demandas da norma linguística com as expectativas dos clientes, que nem sempre coincidem.

O Revisor tem a flexibilidade de trabalhar para diversos clientes diretos (indivíduos ou empresas) e intermediários (agências de tradução). No entanto, é importante lembrar que o Revisor, nesse contexto, presta serviços. Portanto, assim como em qualquer relação comercial, um de seus principais objetivos é a fidelização dos clientes, atendendo às suas necessidades para garantir a continuidade de sua atividade e, claro, de sua fonte de renda. Dada a complexidade das condicionantes envolvidas, encontrar o equilíbrio entre as necessidades de todos os envolvidos no processo é uma tarefa desafiadora. No entanto, é inegável que, quanto mais diálogo e cooperação houver entre os diversos parceiros do circuito, maior será a qualidade do produto final, ou seja, do próprio texto.

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