O estranhamento do próprio texto
Olá a todos! Sejam bem-vindos ao meu site. Meu nome é Anderson Hander, sou Linguista e Revisor de Textos há mais de 15 anos. Compartilho com vocês, neste texto, algumas reflexões sobre o estranhamento que o autor pode sentir em relação à sua própria produção: uma insatisfação com o que foi criado e uma busca por esgotar seu olhar ou lapidar o texto de maneira que, às vezes, pode prejudicá-lo. Assim,
É fundamental lapidar nossos textos, tomar consciência das nossas produções, enviá-los para a revisão e realizar um bom trabalho nesse processo. O texto é uma construção inacabada e, quanto mais você o altera, mais problemas surgirão; o que é natural. Assim,
Ao longo da redação, como autor de qualquer gênero, você sentirá um certo estranhamento em relação ao seu texto, o que é, também, extremamente natural. Já gravaram a própria voz? Já ouviram? Eu também sinto estranhamento ao ler os meus próprios textos publicados. Isso é bastante comum. Da mesma maneira, quando assistimos aos nossos próprios vídeos, especialmente se não estamos acostumado a nos observar nesses contextos, temos uma visão fragmentada de nós mesmos. Não conseguimos nos ver em terceira pessoa, o que é muito difícil. Se isso fosse possível, teríamos uma perspectiva externa. O desafio é sair da nossa própria mente e observar de fora. Esse aspecto subjetivo é inerente ao ser humano e não pode ser eliminado. Isso se aplica tanto à arte quanto à ciência; o pesquisador influencia a pesquisa, e a pesquisa influencia o pesquisador. O mesmo acontece no processo de redação.
O processo de lapidação do texto primeiramente
Muitos escritores sentem estranhamento em relação aos próprios textos, reescrevendo-os diversas vezes. No caso acadêmico, o processo é mais técnico, começando com o pré-projeto e evoluindo até se tornar uma dissertação ou tese. Mesmo após a defesa, revisões continuam, pois o texto é parte de um ciclo contínuo de aprimoramento. Ele pode ser utilizado em pesquisas futuras, gerando novas interpretações e contribuições para o conhecimento, que está em constante transformação. Assim,
Isso significa que somos contínuos e humanos. Sempre que você revisitar seu texto, é natural sentir estranhamento, pois você mudou. Mesmo após um dia, suas percepções e emoções já não são as mesmas. Esse processo é complexo no contexto acadêmico, onde muitos carecem das ferramentas para entender o universo linguístico. A noção de “texto pronto” é subjetiva, e dificilmente o autor alcança esse estado com clareza.
Em que momento devemos considerar que ele estará finalizado? Em que ponto o autor alcança a consciência de que o texto estará “pronto”? (Responderei esse questionamento ao final deste texto). Esse processo é especialmente complexo no âmbito acadêmico, em que muitos não possuem as ferramentas ou informações necessárias para compreender aspectos do universo linguístico-textual. Em geral, um Linguista (e olhe lá) conseguirá entender esse processo, especialmente diante de informações populares banalizadas sobre língua e texto. Assim,
Obs: você pode ler os meus textos; compartilho conhecimento com todos, oferecendo uma perspectiva mais acessível sobre discussões linguísticas.
Após escrever o texto, conforme você desenvolve sua pesquisa e aprofunda seu conhecimento e metodologia, é fundamental também avançar na redação. Essa consciência representa uma transição de uma escrita mais juvenil, principalmente do Ensino Médio, e do nível de graduação, para o mestrado. Muitas pessoas começam a aprender a pesquisar, de fato, no mestrado, já que a Graduação nem sempre introduz um pensamento científico de maneira eficaz, ao contrário do que ocorre na Pós-graduação, que eleva, significativamente, esse nível de entendimento (ao menos na própria área). Assim,
A consciência textual
Em resumo, a graduação nem sempre é levada a sério, e muitas pessoas nessa fase não têm maturidade intelectual para compreender certas questões, nem em sua própria área. Se você já passou pela qualificação e escreveu alguns capítulos sem muitas críticas do orientador, poderá avançar na pesquisa sem se preocupar tanto, em um primeiro momento, com a forma. No entanto, será necessário revisar o texto ao final, pelo menos duas vezes: antes de entregá-lo à banca com a ajuda de um revisor, e depois, atendendo às possíveis modificações solicitadas pela banca. Assim,
Isso não implica, em relação ao processo de revisão, questões absolutas, ou seja, o dito “pagou, logo, levou” ou então que “a responsabilidade do revisor”. Não, esse é um processo de construção que começa com você e é sua responsabilidade. Escrever em si, com responsabilidade, é um processo de maturidade para dissolver essas máximas alienantes, principalmente a respeito de língua. Nesse sentido, é importante a observar o conhecimento de outra maneira, e transcender a própria mediocridade (ui). Assim,
Se você não teve um bom desempenho no Ensino Médio ou no Ensino Fundamental, não passou por um bom processo de escolarização, posteriormente, não faz sentido buscar uma salvação no revisor. Às vezes, esse processo depende não apenas de uma questão ortográfica e gramatical de alteração. Pode ser necessário um “bate-volta” nesse processo, ou seja, depois que o texto passar pelo revisor, retornar ao autor para, por exemplo, a reestruturação lógica do conteúdo, o que implica, muitas vezes, a barreira entre revisor e autor. Além disso, posteriormente, o texto será enviado ao orientador, que, ainda, poderá apontar alguma questão (um processo extremamente subjetivo). Primeiramente,
A importância do revisor de textos
Por isso o revisor é importante nesse processo, um revisor competente, com boa formação na área, um linguista, por exemplo. A grande maioria dos pesquisadores não compreende as camadas discursivas, a diferença de questão ortográfica e gramatical para questão estilística ou adaptação de determinados usos em um contexto. As pessoas reproduzem, inconscientemente, algumas questões da escola, com máximas alienantes.
Recentemente, recebi um texto para revisão de um doutorando que utilizou o termo “coisa” para se referir a algo específico de sua área. Também já encontrei referências ao termo mais geral e cotidiano “Planeta Terra” em relação a questões mais específicas de áreas como Biologia, Engenharia Ambiental. Nesse contexto, “Planeta Terra” carrega pouca carga específica para o nível de Pós-graduação. Se você está em áreas ligadas ao Meio Ambiente ou à Biologia, deve dominar o vocabulário específico da sua área, e ter criticidade, inclusive, para transcendê-lo. Portanto,
Em que momento, então, o texto estará pronto?
Superados esses processos, haverá um momento de parar. Esse momento tem relação com a maturidade do pesquisador. Se você não tiver conhecimento sobre esse processo, poderá gerar mais problemas no texto, e não conseguirá, sozinho, ter consciência deste, especialmente porque o texto é escrito para o outro, o que exige empatia, e conhecimento sobre a diversidade humana.
Primeiramente, o texto deve ser escrito, lapidado, editado. Afaste-se deste, posteriormente, e envie-o para a revisão. Aguarde o feedback de seu orientador e volte ao texto novamente (utilize o mesmo arquivo para esse processo, não gere diversas versões de um mesmo documento em seu desktop). Se houver necessidade, envie o texto, mais uma vez, para a revisão. Esgotados esses processos, que são demorados e dolorosos, o texto estará “pronto” (e você receberá críticas e, ainda, sentirá um estranhamento futuro em relação a este). É um processo construído e que condiz com a própria duração do curso de mestrado ou doutorado. Assim,
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