No capítulo XI de Memórias póstumas de Brás Cubas, o narrador, falando de sua infância, confessa-se um “menino diabo”, teimoso e birrento. Entre algumas de suas crueldades faz alusão a esta, que diz respeito ao modo como tratava o seu então escravo Prudêncio:
(…) Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemendo — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a boca, besta!” Machado de Assis, op. cit., p. 32-3.
No capítulo LXVIII, o mesmo narrador observa que, ao deixar o grupo, este o olhava espantado e cochichava as suas conjeturas, isto é, fazia suposições sobre a cena que acabava de presenciar.
Suponha que, entre as pessoas que cochichavam, havia uma que soubesse do passado de Prudêncio. Ela ouviu calada as suposições e comentários do grupo e, depois de um certo tempo, resolveu contar o que sabia.
Conforme se viu, num texto, o significado de uma passagem depende de informações contidas em passagens anteriores.
Redija um texto, expondo os comentários que os integrantes do grupo faziam:
a) antes de terem informações sobre o passado de Prudêncio;
b) depois de saberem que ele repetia ali, com seu atual escravo, as mesmas crueldades que seu ex-senhor fazia com ele.
SAVIOLI, Francisco Platão & Fiorin, José Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006