Muitos escritores têm utilizado o pretérito mais que perfeito de maneira inadequada porque acreditam que o texto fica mais literário e “bonito”.Geralmente, quem utiliza (às vezes inadequadamente) esse tempo é o falante escolarizado, que teve acesso ao estudo de textos literários. Provavelmente, no processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, o professor deve ter se esquecido de explicar como se emprega, adequadamente, esse tempo. Como os alunos pensam que os clássicos literários são modelos que devem ser seguidos para o caso de textos escritos, surge toda essa confusão.
Primeiramente, esclareço que o Pretérito mais que perfeito é um tempo verbal que possui a sua forma simples (com um só verbo, por exemplo: cantara) ou composta (com dois verbos, por exemplo: tinha cantado). Ambas as formas são equivalentes, mas o emprego de uma é mais formal do que outra.
O pretérito mais que perfeito é o passado do passado. Refere-se a uma ação/fato que ocorreu no passado, anteriormente, a outra ação/fato, que também ocorreu no passado.
Ele comprou o carro com parte o dinheiro do apartamento que vendera. (Marcação extremamente formal e utilizada por falantes mais escolarizados)
Ele comprou o carro com parte do dinheiro do apartamento que tinha vendido. IMarcação mais informal utilizada por ambos os falantes, escolarizados ou não).
Vendera = tinha vendido (em termos semânticos).
Quando eu cheguei, ele já tinha saído.
Quando eu cheguei, ele saira.