Como eu me tornei Revisor de Texto(s)

Infância e Adolescência Como eu me tornei Revisor de Texto(s)

Neste post, compartilho um pouco sobre a minha trajetória como Revisor de Texto(s). Eu sou Revisor há mais de 16 anos, mas posso dizer que “comecei a adentrar” nesse ramo já no Ensino Médio. Naquela época, eu já me destacava bastante em relação aos meus textos, e também era aluno destaque em relação à disciplina de Língua Portuguesa, Redação, Língua Inglesa e Língua Espanhola. Também me interessava pelas disciplinas de humanas em geral.

Ainda no Ensino Médio, descobri meu interesse pela área textual. Sempre gostei de escrever, escrevia poesias, crônicas e, inclusive, escrevi um livro. Entretanto, nessa época, achei que tudo que havia escrito era péssimo, e sempre fui muito crítico comigo mesmo. Arrependo-me até hoje de ter, literalmente, colocado fogo em meus escritos com a minha própria mão. Eu tinha uma grande caixa com vários textos que escrevi, desde poesia a outros.

Eu sempre encarei a escrita como um processo reflexivo e de autoconhecimento. Ela me permitiu organizar os meus pensamentos, lapidar ideias e buscar conhecimento para a minha evolução. Assim, eu comecei a me interessar desde cedo por Filosofia e Ciência. Desde o Ensino Fundamental, me destacava com meus textos escritos e, apesar de ser um pouco tímido na época, também me destacava pela maneira como eu me expressava. Os professores liam os meus textos em outras turmas, e eu recebia muitos elogios em relação ao que eu escrevia, tanto por colegas quanto por professores. Não foi por acaso que, em 2006, fui aprovado no vestibular da Universidade de Brasília (UnB) (CESPE), recebi nota 9,6 na redação. Na verdade, a pontuação foi 10,00, mas, como o número de erros implicava o valor da nota dada, houve penalização por 2 erros.

A minha dificuldade com a comunicação/interação

Apesar do destaque mencionado no Ensino Fundamental e Médio, aos 11 anos, enfrentei um difícil momento em relação à minha comunicação/fala. Usei aparelho ortodôntico e passei por diversas cirurgias bucomaxilofacial, resultado de chupeta até uma idade tardia. Eu tinha dificuldades desde mastigar alimentos a falar. E utilizei aparelho por mais de 10 anos da minha vida (a ortodontia não estava tão avançada naquela época como atualmente). Essa experiência influenciou todo o meu processo de desenvolvimento, até a fase adulta. Embora tenha sido mais difícil encará-la no início, depois de alguns anos com aparelho, considerava esse processo como algo “natural”, parte de mim.

A Universidade de Brasília (UnB) Como eu me tornei Revisor de Texto(s)

Em relação à minha futura carreira, que eu tampouco sabia que existia à época, a ideia de cursar Letras surgiu, mas a influência da família e o amor por computadores me fizeram cogitar Ciência da Computação. Após um período, optei por abandonar esse curso em uma instituição privada para me dedicar aos estudos e conseguir uma vaga em uma universidade pública, já que meus pais reclamavam bastante de me “bancar na universidade” (e eu não me sentia nenhum pouco confortável lá). E, sim, tinha de ser uma universidade pública porque eu acredito, e acreditava, que o meu valor estava, e está, relacionado ao que era, e é dito bom. E eu sempre fiz e quis fazer parte disso, muito diferente dos falso eruditos que se colocam nesse lugar a partir de uma perspectiva, simplesmente, financeira, apoiados no discurso do dito “dotô” (sem doutorado e completamente alienados) (Brasil, sil, sil).

Cheguei onde cheguei porque “tudo que eu planejei deu errado”

Para me manter durante esse período de estudos, trabalhei em diversos lugares, desde uma secretaria de escola até uma clínica de apoio psicopedagógico, com aulas particulares de várias disciplinas, incluindo Redação. Também atendia estudantes em processo de recuperação, e tinha meus alunos e contatos de aulas particulares (que eu mesmo conquistei, fazendo a minha própria propaganda no boca a boca). Digo que cheguei onde cheguei porque “tudo o que planejei deu errado”, o que é verdade. Eu nunca planejei ser Professor de Redação, mas sempre me davam essa disciplina em cursinhos e escolas. Eu era ganancioso e queria o status de ser professor de Língua Portuguesa (nas escolas onde lecionei, na época, faziam essa segmentação). Mas aceitei o desafio, e a função que as pessoas me colocaram (repito, esta foi uma escolha mais dos outros do que minha. E eu sempre fui uma pessoa generosa e que pensa na sociedade, e, portanto, assumi e assimilei facilmente esse papel). Posteriormente, atuei como Corretor de Redações no ENEM.

Os meus privilégios e limitações

Sou um rapaz dito branco no Brasil, com olhos claros (olhos de duas cores, na verdade: um verde e o outro castanho escuro. Sim, eu tenho Heterocromia Iridium total e parcial), e pele visivelmente branca. Entretanto, sou originário de família de classe média (mais de classe média baixa do que média). Apesar das dificuldades, a minha família, especialmente a minha mãe, fez o possível para me apoiar, mesmo sabendo que a Educação é um caminho mais difícil e doloroso (fizeram de tudo para eu me tornar advogado ou fazer um curso mais elitizado, mas eu não quis. O sonho do meu pai, para o meu pesadelo e desespero, era me ver formado na Escola das Agulhas Negras ou vomitando por aí o discurso do “dotô”. Eu aprendi com a minha mãe as grandes virtudes de “olhar além”. A minha resiliência como pessoa e a minha pujança como Revisor, em relação ao meu olhar, têm relação com o lugar que eu ocupei ao longo de minha trajetória (diante das dificuldades, especialmente em uma nação como o Brasil), o que me gerou (e ainda me gera) bastante revolta e, ao mesmo tempo, muita força para ir além.

O Supremo Tribunal Federal (STF) Como eu me tornei Revisor de Texto(s)

Minha história com a Revisão de Textos surgiu, profissionalmente, em um estágio no Supremo Tribunal Federal (STF), em que me destaquei e comecei a atrair clientes para revisões. Na época, eu trabalhava em cursinhos e os pais dos meus alunos me pediam para revisar os trabalhos deles. Eu tenho um carinho muito grande por uma mãe de uma aluna que pediu que eu revisasse o trabalho de Pós-Graduação dela. Ela foi a minha primeira cliente. Após uma especialização, mestrado e muita prática profissional, adquiri vasto conhecimento na área acadêmica, revisando textos de diferentes universidades do país.

“Quase cego” de tanto revisar e abusado por uma “adevogada”

Eu cheguei a revisar, nessa época, para uma advogada exploradora, que ganhava licitações (alguns contratos de mais de 100 mil reais) e contratava profissionais para “ganhar em cima”. Revisei textos milionários, que a fizeram enriquecer mais ainda (ela era filha de pessoas ditas muito importantes em Brasília-DF) enquanto eu recebia, com o meu árduo trabalho, míseros mil reais por mês (quando ela pagava) para compor a minha renda. E não! Não irei agradecê-la pela exploração, e, se pudesse, eu a processaria. Na época, muito revoltado, procurei o nome dela no Google e entendi o que ela fazia.

A Mentira do empreendedorismo Como eu me tornei Revisor de Texto(s)

Criei um registro de MEI e comecei a escrever, revoltado, ingênuo e sem “cacife”, me sentindo o empresário, para os órgãos públicos onde ela conseguia as licitações. Depois de ser muito explorado por funcionários públicos e pelo governo, desisti de atuar na área, especialmente porque eu nunca recebi, nem durante anos de trabalho, o que ela ganhou, apenas, com uma licitação. Fora os desaforos que eu ouvia de funcionários públicos em Brasília-DF que, inclusive, me ligavam de madrugada com conversas subjetivas que nem diziam respeito ao trabalho em si que eu era contratado para realizar.

O carma como Corretor de Redações

Lecionei durante cerca de sete anos. Apesar de não lecionar mais, sempre gostei de ensinar e tenho um apego especial pela área textual, porque gastei muito tempo e energia da minha vida nesse ramo. Além disso, enquanto professor de escolas, eu tinha a obrigação de corrigir, gratuitamente, praticamente, a cada 15 dias, mais de 700 redações e trabalhos. Isso me preparou, na base do ódio, para atuar como Revisor. Hoje dedico-me à revisão com paixão, especialmente porque o esforço que faço é pago (e eu escolho o valor que dou ao meu trabalho) e não tenho de trabalhar fora do horário comercial tampouco me sinto abusado. Além disso, eu vivi, nos últimos 10 anos, em mais de 50 países, ininterruptamente, sem ter de ouvir essa gente em interações face a face (parem de delirar: DEUS NÃO É, NUNCA FOI, E NUNCA SERÁ BRASILEIRO!).

A Pós-Graduação

Na Pós-Graduação, comecei a adentrar camadas mais profundas em relação à língua e ao texto, e desenvolvi as minhas habilidades como pesquisador e linguista, o que foi fundamental para eu atender às necessidades de meus clientes pesquisadores, o público que mais me procurou ao longo de toda a minha vida. E sempre confiou em meu trabalho, sempre me apoiou, mesmo eu não conseguindo um espaço em uma Universidade para atuar como pesquisador. Eu me lembro que eu passei mais de 10 anos na UnB, inclusive parte destes residindo (na Casa do Estudante Universitário), atuando em diversos projetos e Programas (atuei, inclusive, em um Projeto sobre nomenclatura de espécies do Cerrado, no Herbário da UnB, no Instituto de Biologia, com cadastro de termos em latim, língua inglesa…).

Um Analista Crítico do (meu próprio) Discurso

Sempre fui muito crítico, e nunca fui a pessoa mais querida por isso, e nem sou, a não ser pelo meu público. Os pesquisadores são a minha maior motivação nessa vida, assim como a ciência. Eu praticamente doei a minha vida à Ciência, e vivo em harmonia ao que me conduz eticamente em busca da verdade como pesquisador. Isso, embora tenha um valor imensurável, é desprezível pela sociedade, especialmente a brasileira. E eu nunca consegui espaço, pelo meu caráter crítico, no lugar que eu deveria ser aceito. Felizmente, e com muita gratidão, encontrei espaço para atuar na internet. E assim o faço, desde 2006.

Revisor de Textos

Revisei, nos últimos anos, mais de 300 mil laudas (e não me envergonho de dizer isso: é preciso que alguém utilize o cérebro neste antro de mediocridade chamado Brasil), relativas a gêneros textuais diversos, mas especialmente Artigos Científicos, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado. Há mais de dez anos, reviso as publicações de uma revista científica na área do Direito em Brasília, e auxilio pesquisadores de todo o Brasil. E continuarei nesse caminho, pois vocês movem a minha existência! Muito obrigado a todos. Vocês perpetuam a minha luta e compromisso com a Educação. E isso é fundamental, e quase inacreditável de se ver, em um país como o Brasil, em que forças ainda convergem para que pessoas como eu desapareçam, mas estou aqui, firme e forte, há quase duas décadas.

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