De Atenas para Budapeste

De Atenas para Budapeste

Saí de Atenas. Estou há vinte e três horas viajando de ônibus. Passei por umas paisagens belíssimas. São quase 18h, mas o sol se pôs às 16h. Fora do ônibus, a temperatura está por volta dos -5 graus, mas, dentro do ônibus, o marcador indica 35 graus com o aquecedor ligado. Tenho internet, tomada… viajar de ônibus pela Europa é interessante.

Passei pela imigração de uns três países hoje. Geralmente, não me fazem perguntas, mas, hoje, a moça da imigração da Bulgária decidiu me interrogar. Ela se empolgou quando viu em meu passaporte o nome “Brasil” e decidiu treinar comigo o espanhol que eu não falo direito. Quando eu respondi há quanto tempo eu estava “viajando”, ela se assustou, perguntou se eu não trabalhava rsrs. [Eu até gostaria de ter respondido: NÃO, EU SOU RICO AHAHA]. (Expliquei, bem superficialmente, o que eu fazia, eu estava com sono), perguntou, por fim, em tom irônico e com uma expressão facial de angústia e desespero ahahaah, se eu não tinha casa (não aguentei e soltei uma gargalhada bem alta e disse: NO, MI CASA ÉS EL MUNDO). Encerrou, chocada, dizendo, com cara de reprovação: “então, vc vive assim?” Respondi: “si, vivo así”. Carimbou o meu passaporte e disse adeus. =)

#De Atenas para Budapeste

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Diário de um nômade digital: saindo da Croácia

Diário de um nômade digital: saindo da Croácia

Saí da Croácia, há dois dias. Na verdade, era para ter saído antes, mas eu perdi o meu celular dentro do táxi rsrs, 30 minutos antes de embarcar. Fiquei mais um dia em Zagreb, morrendo de medo de ter que pagar alguma taxa para a polícia, pois já passava do meu último dia de permanência lá (esse é o lado bom de viajar de ônibus pela Europa, eles nem olham direito o passaporte dos passageiros. Outro dia, quando fui à Eslovênia, que faz parte do espaço de Schengen, eu não podia mais entrar no país, e nem sabia, não tive problema nenhum, fizeram foi piada comigo na imigração perguntando se a cidade onde eu nasci ficava perto do Rio de Janeiro).
Conheci a Costa da Croácia e Dubrovinik (onde foi gravado parte de Game of Thrones), muito bonito. Quando cheguei em Montenegro, em Kotor, achei o lugar surpreendente, mas, quando sai da “zona turística”, eu tive um choque cultural muito grande. Eles são muito diferentes dos croatas, fiquei lembrando um pouco do Brasil, de algumas cidades, eles falam muito alto, são bem espontâneos e informais, têm mais contato físico com as pessoas…as cidades são decadentes, especialmente o centro de Montenegro, há muitas ruas sem asfalto e as pessoas parecem bastante sofridas. Há muitas barraquinhas do paraguai, a cidade não é organizada, há casas espalhadas por vários espaços sem asfalto, a terra meio cinza, achei o lugar meio “parado no tempo”…

Quando cheguei à Rodoviária de Podgórica, capital de Montenegro, para pegar o ônibus para Pristina, capital de Kosovo, eu me senti em um lugar completamente diferente da “Europa”, eu me senti em um país sul americano/latino americano. Poucas pessoas falavam inglês.
A minha viagem para Kosovo foi uma espécie de pesadelo. Eu já estava um pouco em choque com o que vi por Montenegro, mas, quando entrei no ônibus… o motorista perguntou, muito surpreso, de onde eu era. Ele disse que brasileiros precisavam de visto para ir a Kosovo (eu fiquei me perguntando: “WHAT THE FUCK? Anderson, você não checou direito isso?” Bem, eu chequei umas mil vezes). O motorista utilizou de todos os discursos (mas eu não entendia quase nada, porque ele não falava inglês muito bem) possíveis para que eu não entrasse no ônibus (eu acho que não é muito comum ver estrangeiros nessa região, especialmente brasileiros). Disse que eu seria barrado na imigração, o ônibus estava lotado e o povo olhava para mim como se eu fosse um ET rsrs, muitas mulheres com vestimentas muçulmanas (90% da população de Kosovo é muçulmana, mas não praticante). Enfim, eu fui rezando a viagem inteira para não ter problema… graças a Deus eu estava certo: brasileiros não precisam de visto (turismo) para Kosovo por 3 meses.
Primeira impressão sobre Pristina, capital de Kosovo: a terra é meio cinza, há umas parafernálias espalhadas pelas partes da cidade que não são muito elitizadas, em um tom meio cenário apocalíptico da Segunda Guerra mundial. Senti uma atmosfera meio Rússia, as pessoas são misturadas com turcos, albaneses… e a moeda aqui é, PASMEM, euro (por um tempo, eles adotaram uma moeda alemã, não sei porque… eles nã têm companhia aérea própria, então, os turcos “comandam a aviação do país nesse sentido, o que é um problema, pois não há voos direitos de Kosovo para quase nenhum país). Há umas mesquitas muito bonitas (lembra países árabes) no centro da cidade, NUNCA VI NADA IGUAL.
Já me acostumei com a minha vizinhança, já encontrei mercado, academia 24 horas, a minha landlord, dona do meu apartamento, me recebeu muito bem, ela trabalha em uma ONG e com políticas para que o país seja reconhecido pela comunidade internacional. Kosovo é um país “novo”, menos de 10 anos de independência, a Espanha, por exemplo, ainda não os reconhece, o que tem um grande impacto na vida econômica e na identidade dessas pessoas. Eles não podem, por exemplo, viajar, facilmente, como nós brasileiros, mas estão lutando para isso! Não há muitos brasileiros por aqui, sou uma espécie de pioneiro 0/ (farei alguns vídeos explicando como é viver aqui, valeu a pena vir, é um lugar muito diferente).
Vamos ver o que me espera pelos próximos meses trabalhando e vivendo em Kosovo.
Abração, galera.

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