Retrospectiva 2016: 1 ano como Nômade Digital

Retrospectiva 2016: 1 ano como Nômade Digital

Nômade Digital

Galera, eu comecei a viver como Nômade Digital em novembro do ano passado, quando, em uma segunda-feira de trabalho em casa (4 anos trabalhando em casa, naquela época), eu percebi que, mesmo tendo que produzir, poderia trabalhar no ônibus/avião, enquanto eu viajava, no hotel de onde eu estivesse, em qualquer lugar do Brasil (eu não tinha entendido, ainda, o poder que eu tinha em minhas mãos trabalhando remotamente e que os indexadores do Google, depois de muitos anos de investimento, mais de sete, transformariam a minha vida. Eu comecei a empreender pela internet em 2006 e só obtive retorno suficiente para viver disso em 2012/2013). Não havia mais barreiras para mim, pois a internet tinha me alavancado (eu só não tinha percebido isso, ainda, e ficava trabalhando em casa). Estava cansado de Brasília e saturado com o preço elevado de tudo por lá. Peguei um ônibus para o Sul com destino a Londrina (cheguei a cogitar viver em Curitiba, mas não gosto de viver em cidades muito grandes e sei que teria de enfrentar, nesse caso, o problema da violência dos grandes centros urbanos brasileiros).

Viajei para Londrina, coloquei o meu gato dentro da caixinha de viagem dele e entrei no ônibus com o meu notebook na mochila (acho que, a essas alturas, ele era o único ser ao qual eu ainda tinha “apego” e um sentimento errado de “posse” na vida). Tive de me desapegar dele meses depois (e de outras pessoas, também, especialmente, algumas que me faziam mal). Aluguei um apartamento muito mais barato do que onde eu vivia em Brasília, em uma área tão nobre quanto o sucateado Plano Piloto (beijos ahaha) e a minha qualidade de vida aumentou bastante. Apesar de estar satisfeito com a cidade, eu, ainda, não sentia que aquele era o meu lugar (hoje tenho dois lugares favoritos no mundo e tenho planos de ter uma base nesses lugares, mas, jamais, deixar de viajar). Voltei a Brasília em janeiro, fiquei lá por 2 meses, trabalhando em casa e refletindo muito (já fazia mais de 4 anos que eu trabalhava em casa). Comprei uma passagem de avião (claro que não foi rápido desse jeito rsrs) e fui para a Alemanha começar a viver como nômade. Eu nunca pensei que fosse dar certo, tive muito medo, mas eu percebi que eu não precisava estar em uma cidade que não gosto, pagando um preço muito alto por tudo e não ter qualidade de vida; vivia reclamando de tudo nessa época.

Aprendi, como nômade, a ter muita confiança em mim, especialmente, porque percebi que eu sou autossuficiente. Sou capaz, com a minha própria produção, por meio da internet, de viver em QUALQUER LUGAR DO MUNDO e VIVER DO QUE EU MESMO PRODUZO O/ (Isso é tão maravilhoso). Além disso, eu trabalho muito mais feliz, porque eu, simplesmente, posso viver em um lugar que me faz bem, que eu mesmo escolho, ANYWHERE. Parece ilusório e impossível ou muito marketing da minha parte, mas não é. Se você consegue produzir, em sua área, remotamente, viver na Europa e em muitos lugares do mundo é MAIS BARATO DO QUE VIVER NO BRASIL.

Mas viver como nômade também tem o seu lado difícil, que, também, me trouxe muito crescimento. Apesar de passar muito tempo sozinho em alguns países onde eu não pude interagir muito, seja porque eu não me identifiquei muito com a cultura local ou porque eu tinha muito trabalho, eu me tornei TÃO INDEPENDENTE. Acho que isso é uma das coisas mais positivas que aprendi vivendo todo esse tempo na Europa. Os europeus estão em um estágio de independência anos luz de nós brasileiros. Isso é uma questão cultural, claro. No início, pensei que as minhas relações com as pessoas seriam muito superficiais, porque vivo “pulando para lá e para cá”, mas fiz amigos com quem posso contar hoje em vários lugares do mundo (eu os visito, eles me visitam 😀). E posso voltar, sempre, não há uma sentença definitiva para mim. Por exemplo, depois de Budapeste, eu voltei para Sevilha, na Espanha, para rever amigos e ter uma nova experiência nesse lugar, com a lembrança do que eu já vivi (nossa, o céu de Sevilha *.*, a maneira pela qual as pessoas vivem e com a decoração de natal :*. Já reinventei na minha cabeça essa cidade novamente).

Saudades da família? Sim, mas eu os via de três em três meses no Brasil e, embora sejamos conectados, como saí de casa muito cedo e vivi, distante, em outra cidade, durante anos, eu não sou tão apegado a eles e, hoje, tenho em mente que família, também, é termo que se refere àqueles que me fazem bem, amigos, a quem gosto, a quem estimo; e a noção de casa, para mim, independe do que eu “tenho” (complexo isso, né rsrs?). Mas a cada apartamento/casa que eu me mudo, com móveis que não são meus, com coisas que não são minhas, eu, mesmo assim, me sinto em casa, porque este é o meu lugar, que eu PAGUEI, COM O MEU DINHEIRO, é o lugar onde eu construirei as minhas memórias, onde eu terei uma história. Nos primeiros dias, não é fácil me acostumar, mas, depois, já crio uma intimidade com o lugar que… o mesmo digo em relação às ruas por onde passo, às academias em que malho (nossa, quando eu me lembro de uma academia chamada GYM4U na Croácia, parece uma coisa boba, mas tenho tantas memórias boas do caminho de minha casa para essa academia e da academia em si…).

Ás vezes, vivo em países mais pobres para equilibrar as minhas finanças, (senão a grana some rsrs, porque eu recebo em real), ainda mais pagando impostos tão altos no Brasil, mas posso, ao menos duas vezes ao ano, escolher onde eu quero viver por 6 meses. Vivi em países baratos, caríssimos, mas, sempre, mantive o meu equilíbrio financeiro em relação ao meu estilo de vida, eu, de verdade, não preciso de muito para viver. De vez em quando, fiz algumas coisas fúteis e caras, porque eu mereço rsrs. Fiz o meu balanço financeiro anual e, pasmem, eu gastei menos no exterior neste ano do que no Brasil no ano passado, pelo menos uns 7 mil reais a menos (não é uma diferença tão grande, mas convenhamos que a minha qualidade de vida, em relação a estar em casa em Brasília, reclamando da vida e do meu arredor, mudou muito).

Aprendi, nesse tempo, como nômade, que, por mais que as minhas emoções e que esse sentimento de pertencimento à humanidade tentem me fazer permanente, neste espaço e tempo, eu, você e toda a humanidade não SOMOS, nós, apenas, estamos (de PASSAGEM), o que permanece é o que construímos, o que deixamos (não estou falando de herança, ok?) para a próxima geração (tenhamos nós filhos ou não rsrs). Aprendi muito sobre mim como nômade, de uma maneira que sei que poucos podem experienciar. Agora, ao final do ano, eu fiquei um pouco cansado de mudar tanto, mas é possível ser nômade mesmo tendo uma base em um lugar. Há várias maneiras de experienciar o Nomadismo Digital.

Abraço a todos.

Share on Facebook

Diário de um nômade digital: saindo da Croácia

Diário de um nômade digital: saindo da Croácia

Saí da Croácia, há dois dias. Na verdade, era para ter saído antes, mas eu perdi o meu celular dentro do táxi rsrs, 30 minutos antes de embarcar. Fiquei mais um dia em Zagreb, morrendo de medo de ter que pagar alguma taxa para a polícia, pois já passava do meu último dia de permanência lá (esse é o lado bom de viajar de ônibus pela Europa, eles nem olham direito o passaporte dos passageiros. Outro dia, quando fui à Eslovênia, que faz parte do espaço de Schengen, eu não podia mais entrar no país, e nem sabia, não tive problema nenhum, fizeram foi piada comigo na imigração perguntando se a cidade onde eu nasci ficava perto do Rio de Janeiro).
Conheci a Costa da Croácia e Dubrovinik (onde foi gravado parte de Game of Thrones), muito bonito. Quando cheguei em Montenegro, em Kotor, achei o lugar surpreendente, mas, quando sai da “zona turística”, eu tive um choque cultural muito grande. Eles são muito diferentes dos croatas, fiquei lembrando um pouco do Brasil, de algumas cidades, eles falam muito alto, são bem espontâneos e informais, têm mais contato físico com as pessoas…as cidades são decadentes, especialmente o centro de Montenegro, há muitas ruas sem asfalto e as pessoas parecem bastante sofridas. Há muitas barraquinhas do paraguai, a cidade não é organizada, há casas espalhadas por vários espaços sem asfalto, a terra meio cinza, achei o lugar meio “parado no tempo”…

Quando cheguei à Rodoviária de Podgórica, capital de Montenegro, para pegar o ônibus para Pristina, capital de Kosovo, eu me senti em um lugar completamente diferente da “Europa”, eu me senti em um país sul americano/latino americano. Poucas pessoas falavam inglês.
A minha viagem para Kosovo foi uma espécie de pesadelo. Eu já estava um pouco em choque com o que vi por Montenegro, mas, quando entrei no ônibus… o motorista perguntou, muito surpreso, de onde eu era. Ele disse que brasileiros precisavam de visto para ir a Kosovo (eu fiquei me perguntando: “WHAT THE FUCK? Anderson, você não checou direito isso?” Bem, eu chequei umas mil vezes). O motorista utilizou de todos os discursos (mas eu não entendia quase nada, porque ele não falava inglês muito bem) possíveis para que eu não entrasse no ônibus (eu acho que não é muito comum ver estrangeiros nessa região, especialmente brasileiros). Disse que eu seria barrado na imigração, o ônibus estava lotado e o povo olhava para mim como se eu fosse um ET rsrs, muitas mulheres com vestimentas muçulmanas (90% da população de Kosovo é muçulmana, mas não praticante). Enfim, eu fui rezando a viagem inteira para não ter problema… graças a Deus eu estava certo: brasileiros não precisam de visto (turismo) para Kosovo por 3 meses.
Primeira impressão sobre Pristina, capital de Kosovo: a terra é meio cinza, há umas parafernálias espalhadas pelas partes da cidade que não são muito elitizadas, em um tom meio cenário apocalíptico da Segunda Guerra mundial. Senti uma atmosfera meio Rússia, as pessoas são misturadas com turcos, albaneses… e a moeda aqui é, PASMEM, euro (por um tempo, eles adotaram uma moeda alemã, não sei porque… eles nã têm companhia aérea própria, então, os turcos “comandam a aviação do país nesse sentido, o que é um problema, pois não há voos direitos de Kosovo para quase nenhum país). Há umas mesquitas muito bonitas (lembra países árabes) no centro da cidade, NUNCA VI NADA IGUAL.
Já me acostumei com a minha vizinhança, já encontrei mercado, academia 24 horas, a minha landlord, dona do meu apartamento, me recebeu muito bem, ela trabalha em uma ONG e com políticas para que o país seja reconhecido pela comunidade internacional. Kosovo é um país “novo”, menos de 10 anos de independência, a Espanha, por exemplo, ainda não os reconhece, o que tem um grande impacto na vida econômica e na identidade dessas pessoas. Eles não podem, por exemplo, viajar, facilmente, como nós brasileiros, mas estão lutando para isso! Não há muitos brasileiros por aqui, sou uma espécie de pioneiro 0/ (farei alguns vídeos explicando como é viver aqui, valeu a pena vir, é um lugar muito diferente).
Vamos ver o que me espera pelos próximos meses trabalhando e vivendo em Kosovo.
Abração, galera.

#Diário de um nômade digital: saindo da Croácia

Share on Facebook